ATA DA TRIGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 07.05.1997.
Aos sete dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e sete
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson
Almeida, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, José Valdir,
Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato
Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores
Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Elói Guimarães, Hélio Corbellini, João
Dib, João Motta, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e
Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos
de cópias das Atas da Trigésima Primeira e Trigésima Segunda Sessões
Ordinárias, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora
Anamaria Negroni, o Projeto de Lei do Legislativo nº 85/97 (Processo nº
1424/97); pelo Vereador Hélio Corbellini, 05 Pedidos de Providências; pelo
Vereador Isaac Ainhorn, 04 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Motta, o
Projeto de Resolução nº 13/97 (Processo nº 1460/97). Ainda, foi apregoado o
Ofício nº 214/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Do EXPEDIENTE
constaram: Ofícios nºs 13/97, do Coronel
José Dilamar Vieira da Luz, Comandante-Geral da
Brigada Militar/RS; 14/97,
do Senhor Ubiratan de Souza, Coordenador do Gabinete
de Planejamento da Prefeitura Municipal de Porto Alegre - GAPLAN; 58/97, do
Senhor Arno Hugo Augustin Filho, Secretário da Fazenda do Município de Porto
Alegre; 159/97, do Vereador José Antônio de Andrade, Presidente da Câmara
Municipal de Lagoa Vermelha/RS; 369/97, do Senhor Renato da Costa Figueira,
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/RS; s/nº, do Senhor Glênio
Lemos, Prefeito Municipal de Sant'Ana do Livramento/RS; Convites: da Senhora
Wrana Maria Panizzi, Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
UFRGS, para o jantar em homenagem ao Professor Pedro Cezar Dutra Fonseca,
Pró-Reitor de Pesquisa daquela instituição; do Senhor Edison Schwartz de Melo,
da Seicho-No-Ie do Brasil - Regional RS-Rio Branco, para o "Seminário da
Luz da Seicho-No-Ie"; da Comissão Organizadora da Grande Festa de Umbanda
em Homenagem ao Pai Ogum, para ato religioso realizado em vinte e três de abril
do corrente; do Centro de Negócios Mercosur, para o Seminário "La
Globalización de la Economia y la Formación de Bloques Econômicos",
realizada em Buenos Aires; do Senhor Daniel Tevah, Pre<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164
mm><AF=261 mm><D>sidente da Associação dos Dirigentes de
Vendas do Brasil - ADVB/RS, para a solenidade de entrega do Prêmio Top de
Marketing em Agribusiness - 1997; do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Fundação de Economia e
Estatística, para a sessão de autógrafos dos livros "Fronteiras na América
Latina - Espaços em Transformação" e "As Questões do Sagrado na Arte
Contemporânea da América Latina"; da Federação das Associações Comerciais
do Rio Grande do Sul - FEDERASUL, para reunião-almoço com o palestrante Senhor Lincoln
Seragini, Presidente da Seragini Design; do Senhor Antônio Britto, Governador
do Estado do Rio Grande do Sul, para o lançamento do livro "A Nova
Política Internacional", de autoria do Embaixador do Chile no Brasil,
Senhor Heraldo Muñoz; da Federação Brasileira de Vela e Motor, da Federação de
Vela do Estado/RS, do Veleiros do Sul, do Clube dos Jangadeiros e do Iate Clube
Guaíba, para o coquetel de lançamento da Semana Pré-Olímpica de Vela; da
Associação Democrática Feminina Gaúcha/ADFG - Amigos da Terra, para o coquetel
de lançamento da campanha "Eu sou Amigo da Terra". A seguir, o Senhor
Presidente registrou a presença do Senhor José Conrado de Souza, Presidente da
Associação Nacional dos Veteranos da FEB - Força Expedicionária Brasileira -
Seção/RS, e do Tenente Jair Roberto da Rosa, representando o Comando Militar do
Sul, convidando-os a integrar a Mesa dos trabalhos. Ainda, informou que esteve
representando a Casa, no dia de ontem, em cerimônia realizada no Palácio
Piratini, destinada à entrega da Medalha Negrinho do Pastoreio ao Senhor José
Conrado de Souza, e concedeu a palavra ao Vereador Pedro Américo Leal que, em
nome da Casa, saudou os visitantes, registrando o transcurso, amanhã, do
qüinquagésimo segundo aniversário do "Dia da Vitória", quando foram
vencidas as forças nazi-fascistas durante a Segunda Guerra Mundial. Após, o
Senhor Presidente apregoou Requerimento de autoria do Vereador Gerson Almeida,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde para o Vereador Clovis Ilgenfritz,
no dia de hoje, e declarou empossada na Vereança a Suplente Maristela Maffei,
informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e
Direitos Humanos. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor
José Conrado de Souza, que historiou fatos ocorridos na campanha da FEB na
Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, salientando a necessidade da busca
contínua, nos dias de hoje, dos ideais de democracia e liberdade postulados
naquela época. Ainda, procedeu à entrega, ao Senhor Presidente, em nome da Associação
Nacional dos Veteranos da FEB - Regional Porto Alegre, do Diploma de
Reconhecimento à Câmara Municipal de Porto Alegre e do Troféu da Cobra Fumando,
símbolo do ex-combatente brasileiro. Após, o Senhor Presidente, em nome da
Casa, agradeceu o Diploma e o Troféu recebidos e, às quatorze horas e quarenta
minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quatorze horas e quarenta e oito minutos, constatada a existência de
"quorum". Em continuidade, foi apregoado Ofício do
Vereador <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164
mm><AF=261 mm><D>João
Motta, informando que Sua Excelência ausentar-se-á da presente Sessão, a
fim de acompanhar votação referente ao Sistema Financeiro Estadual, na
Assembléia Legislativa. Na ocasião, o Senhor Presidente, respondendo a Questões
de Ordem suscitadas pelos Vereadores Luiz Braz, Clênia Maranhão e Maria do
Rosário, prestou esclarecimentos a respeito da forma de deliberação de
Representações Externas, bem como dos critérios utilizados para designação de
Vereadores para este fim. Ainda, o Vereador Pedro Américo Leal comunicou que
também se ausentará da presente Sessão, a fim de acompanhar os trabalhos, na
Assembléia Legislativa, referentes à votação sobre o Sistema Financeiro
Estadual. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR,
à Senhora Vânia Caliendo Meurer, representante da Associação Comunitária de
Moradores do Jardim Urubatã - ACOJUR, que denunciou problemas de
infra-estrutura observados no Jardim Urubatã, opondo-se ao assentamento, nessa
localidade, de aproximadamente quatro mil pessoas, a ser promovido pelo
Executivo Municipal, como decorrência da desapropriação de área destinada à
construção do "Shopping Center Cristal". Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Nereu D'Ávila, reportando-se ao tema da Tribuna Popular, teceu
considerações a respeito dos problemas de infra-estrutura observados no Jardim
Urubatã, declarando ser essa área tecnicamente inviável para o assentamento das
famílias oriundas da Vila Cristal, desapropriada para a construção do
"Shopping Center Cristal". Na ocasião, os trabalhos estiveram
suspensos por um minuto, nos termos regimentais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Luiz Braz solidarizou-se com os moradores do Jardim Urubatã e da Vila
Cristal e, criticando a forma como foi encaminhado o projeto de construção do
"Shopping Center Cristal", afirmou ser favorável a esse
empreendimento mas defendeu uma maior atenção para as comunidades envolvidas no
assunto. O Vereador João Dib salientou ter a certeza de que todos os Vereadores
da Casa apóiam a construção do "Shopping Center Cristal", atentando,
contudo, para a necessidade do máximo de clareza no trâmite dessa obra, e
comentou pedido enviado à Mesa, para instalação de Comissão Especial a fim de
que o assunto seja devidamente acompanhado pela Casa. A Vereadora Anamaria
Negroni discorreu sobre visita efetuada ao Jardim Urubatã, declarando terem
sido constatadas deficiências de infra-estrutura naquele local, problemas que
deverão ser ampliados no caso do assentamento dos moradores da Vila Cristal. O
Vereador Gerson Almeida ressaltou a importância do assunto trazido à Casa pela
Senhora Vânia Caliendo Meurer, analisando os benefícios resultantes para Porto
Alegre da construção do "Shopping Center Cristal" e os reflexos
diretos dessa construção para os moradores do Jardim Urubatã e da Vila Cristal.
O Vereador Reginaldo Pujol, chamando a atenção para a complexidade que envolve
a questão do "Shopping Center Cristal", questionou as razões que
envolvem o reassentamento dos moradores da Vila Cristal para o Jardim Urubatã.
O Vereador Carlos Garcia
declarou-se favorável à
mobilização dos moradores
do Jardim Urubatã, defendendo o direito dos
mesmos de participar das decisões relacionadas com o local onde vivem, local
esse que sofrerá mudanças substanciais em caso de assentamento, ali, das
famílias da Vila Cristal. O Vereador Fernando Záchia comentou denúncia recebida
esta semana pela Casa, de que ex-funcionário do Departamento Municipal de
Habitação seria sócio de empresa participante direta da questão do
reassentamento dos moradores da Vila Cristal, classificando como "não
ética" a posição desse funcionário. Às quinze horas e cinqüenta e três
minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais, sendo reabertos
às quinze horas e cinqüenta e sete minutos, constatada a existência de
"quorum". Na ocasião, foi apregoado o Ofício nº 216/97, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre, solicitando autorização para o
Vice-Prefeito José Fortunati afastar-se de Porto Alegre em razão de viagem à
Alemanha, no período de vinte e quatro de maio a primeiro de junho do corrente.
Após, o Senhor Presidente informou ter deferido Requerimento do Vereador Juarez
Pinheiro, solicitando a retirada de tramitação do Projeto de Lei do Legislativo
nº 73/97 (Processo nº 1306/97), tendo em vista que o mesmo dispõe sobre matéria
já abrangida pela Lei nº 7581. Em PAUTA ESPECIAL, 1ª Sessão, esteve o Projeto
de Lei do Executivo nº 18/97. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª
Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nºs 59/97, discutido pelo Vereador
Carlos Garcia; o Projeto de Lei do Legislativo nº 65/97, discutido pelo
Vereador Eliseu Sabino; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 09/97,
discutido pelos Vereadores Cláudio Sebenelo e João Carlos Nedel; em 2ª Sessão,
o Projeto de Lei do Legislativo nº 174/96, discutido pelos Vereadores Luiz
Braz, Eliseu Sabino e Cláudio Sebenelo; o Projeto de Resolução nº 10/97; o
Projeto de Lei do Executivo nº 17/97; em 3ª Sessão; os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 49, 70 e 72/97; os Projetos de Lei do Executivo nºs 12, 13, 14,
15 e 16/97; o Projeto de Resolução nº 12/97, discutido pelo Vereador Carlos
Garcia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann registrou o
transcurso, hoje, dos setenta anos de fundação da Viação Aérea Riograndense -
VARIG, discorrendo sobre a história dessa empresa e sua importância para o
desenvolvimento gaúcho. A seguir, constatada a existência de "quorum",
foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado
o Projeto de Lei do Executivo nº 10/97, por trinta votos SIM, tendo votado os
Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio
Sebenelo, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói
Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio
Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez
Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo
Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Tereza
Franco e Maristela Maffei. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto
de Decreto Legislativo nº 06/97, após ser encaminhado à votação pelos
Vereadores Reginaldo Pujol, Adeli Sell e Lauro
Ha gemann.
Às dezesseis horas e cinqüenta e oito minutos os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo reabertos às dezessete horas e dezessete
minutos, constatada a existência de "quorum". Em GRANDE EXPEDIENTE, o
Vereador Cláudio Sebenelo registrou estar pedindo providências visando à
reavaliação do complexo comercial e habitacional "Projeto Hermes", do
Bairro Três Figueiras, e solicitou que seja ouvido o posicionamento da
comunidade daquela área sobre o assunto. O Vereador Carlos Garcia comentou
visita feita ao Hospital Divina Providência e arredores, salientando os
problemas observados no tráfego daquela área, problemas agravados na esquina da
Avenida Oscar Pereira com a Rua da Gruta, face ao grande fluxo de veículos
naquele local. Também, discorreu sobre dificuldades enfrentadas pelo Hospital
Divina Providência, em especial quanto à rede de esgotos cloacal e pluvial. O
Vereador Guilherme Barbosa reportou-se ao pronunciamento do Vereador Cláudio
Sebenelo, acerca do complexo habitacional e comercial "Projeto
Hermes", comentando matéria a respeito do assunto publicada no Jornal
“Zero Hora”, onde são destacados os estudos de impacto ambiental e social
exigidos para a aprovação desse projeto pela Prefeitura Municipal. A Vereadora
Clênia Maranhão deu continuidade a reflexões feitas anteriormente, acerca do
papel do Vereador e das Câmaras dentro do sistema político brasileiro, chamando
a atenção para a importância do envolvimento de todos os setores da sociedade
nesse debate. Também, declarou que estará discutindo, nos próximos dias,
projeto visando à regulamentação do desempenho de função privada por
ex-funcionário público. A Vereadora Maristela Maffei, discorrendo sobre a
venda, ontem, de ações da companhia Vale do Rio Doce, declarou que tal venda
reflete uma linha política "que privatiza o lucro e socializa a
miséria", e questionou os motivos pelos quais esse assunto não foi
devidamente debatido durante a presente Sessão Ordinária. Na oportunidade, o
Vereador Pedro Ruas registrou que amanhã será efetuado o despejo de dezenas de
famílias da Vila Nazareth, solicitando o acompanhamento da questão por esta
Casa. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Eliseu Sabino teceu considerações acerca
do trabalho realizado pelo Instituto Calábria, principalmente em prol da
profissionalização dos setores mais carentes da comunidade. Registrou a
inauguração, dia primeiro de maio do corrente, de Clínica para Crianças Portadoras
do Vírus HIV, no Campus do Lar Esperança. Ainda, manifestou sua solidariedade à
mobilização dos moradores do Jardim Urubatã, face à construção do
"Shopping Center Cristal". O Vereador Pedro Ruas discorreu sobre o
papel representado pela Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, junto às principais
mobilizações democráticas do País, criticando a atuação do atual
Presidente-Substituto da Seccional Rio Grande do Sul dessa Ordem e defendendo a
união de todos os advogados em torno de um programa comum que restabeleça o
papel precursor sempre desempenhado pela OAB. Às dezoito horas e onze minutos, constatada a
inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária da
próxima sexta-feira,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac
Ainhorn, Paulo Brum e Carlos Garcia e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum
e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Informamos que estamos
respondendo pela Presidência tendo em vista que o Ver. Clovis Ilgenfritz se
encontra acamado. O atestado médico já está em nosso poder para cumprimento
legal e regimental do ato. Registramos a presença no Plenário do Sr. José Conrado de Souza, Presidente da
Associação Nacional dos Veteranos da FEB
- Força Expedicionária Brasileira, para
honra dessa Casa.
Ontem estivemos
representando a Casa e juntamente com o Sr. Governador do Estado em exercício,
Deputado Estadual João Luiz Vargas,
fizemos a entrega ao Sr. José Conrado de Souza da Medalha Negrinho do
Pastoreio, em comovente evento
realizado nas dependências
do Palácio Piratini, com a
presença de um número significativo de ex-combatentes da FEB.
Convidamos o Presidente José
Conrado de Souza para integrar a Mesa Diretora dos trabalhos; convidamos também
para fazer parte da Mesa o Tenente Jair Roberto da Rosa, da Assessoria
Parlamentar do Comando Militar Sul.
Como é do conhecimento dos
Senhores, amanhã comemora-se o 52º aniversário do Dia da Vitória, dia em que os
setores democráticos da humanidade comemoraram a vitória das forças aliadas na
Segunda Guerra Mundial contra, à época, o assustador poderio nazi-fascista,
coordenado pelas forças do eixo. Para nosso orgulho e satisfação lá estiveram
os pracinhas da FEB. Eu gostaria de registrar aqui a sinopse que refere a
participação da FEB na Segunda Guerra Mundial, quando o povo nas ruas exigiu do
Governo uma tomada de atitude que resgatasse a honra nacional, conspurcada, à
época, pelo covarde torpedeamento de navios brasileiros. E uma referência dessa
obra extremamente interessante, contrariando os céticos, que juravam ser mais
fácil uma cobra fumar do que a FEB embarcar no dia 2 de julho de 1944, e lutar.
Após meticulosa mobilização, concentração e preparação, os pracinhas
empreenderam a travessia do Atlântico, rumo aos imponderáveis da guerra,
deixando para trás as praias sedosas e as montanhas alterosas da terra natal.
É com muito orgulho que recebemos neste momento os combatentes
da FEB e, como instituição, prestamos a eles nossas homenagens pela passagem do
Dia da Vitória e pelo importante papel que desempenharam na luta contra o
nazi-fascismo.
Para homenagear os nossos
visitantes e marcar a manifestação desta Casa por ocasião do Dia da Vitória,
que deve ser uma marca na história brasileira e na história mundial, convidamos
o Ver. Pedro Américo Leal para fazer uma saudação aos representantes da
Associação Nacional dos Veteranos da FEB.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL:
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O que é a caserna? A caserna
é um misto de frustrações e protestos,
quando se serve, combinado com
espíritos maravilhosos de
solidariedade e de companheirismo que fazem deste tempo, que se tem no
quartel, inesquecível. Nada se recebe,
nada se aglutina à fortuna, nada se faz, mas a caserna marca profundamente o
homem, é a magia da caserna.
Hoje estamos, aqui,
festejando uma magia da caserna e vemos os soldados recolhendo-se, aqui, para
comemorar a passagem do Dia da Vitória. E o que foi esse dia? Nas palavras de
Rubem Braga: (Lê.)
"A FEB fazia parte do
5º Exército Americano e tinha suas
forças dispostas ao longo de 15
quilômetros., na Estrada 64, no Vale do Rio Reno (um Reno italiano), em
posições quase sempre devassadas pelo inimigo encastelado nas alturas dos
Apeninos. Nossos homens sofriam o efeito psicológico de cinco reveses:
primeiro, o duro contra-ataque alemão na frente da barga, no Vale do Rio
Serchio, 31 de outubro, pondo um fim triste à
rápida e feliz campanha do destacamento comandado pelo General Zenóbio;
segundo, o insucesso do primeiro ataque contra Monte Castelo, em 24 e 25 de
novembro, feito pela Task Force 45, americana,
com o reforço de um batalhão do 6º
RI e do 1º Esquadrão de Reconhecimento; terceiro, o malogro do novo
ataque ao Monte Castelo, em 29 de novembro, realizado pelas nossas tropas;
quarto, a retração, com pânico, de um batalhão do 11º RI, na noite de 1º para 2
de dezembro, logo depois de entrar em linha; quinto, fracasso, com muitas
perdas, de nosso ataque de 12 de dezembro, ainda contra Castelo.
Os hospitais estavam cheios de feridos, é Rubem Braga quem diz, é
um civil, um cronista, um correspondente de guerra. É um livro da biblioteca,
mas não é um livro editado, ou escrito por um oficial do Exército, ou por um
praça.
Abetaia, terra de ninguém!
Alguém só tinha coragem de ir a Abetaia
à noite. Ninguém passeava por Abetaia. E é sobre Abetaia que quero
falar. E a vitória chegou um dia, mas
com que custo! Resumindo, aqui, a que preço! Montese, em 14 de abril,
franqueamos o Vale do Rio Pó para os aliados, para os americanos. E dissemos
para eles: Passem! Atravessem, está aberto o caminho. O que era a fé de 25 mil
homens! Em 29 de abril, duas divisões de
elite foram aprisionadas pelos brasileiros. Rendição alemã no teatro
italiano. Dentre os quadros e os episódios que nos tocam - e são muitos - realçamos aqui uma homenagem, aos "17
de Abetaia". Lembram-se dos “17 de Abetaia”? Eram homens do Rio Grande do
Sul, os 17 que ficaram resistindo nas
estepes, na terra gelada, em círculo, como monumento da fé, erguido ao Dia da
Vitória. Os 17 pracinhas estavam ali encarquilhados, mortos pelo frio, fuzil em riste, resistindo em círculo, para
quê? Eu pergunto para quê?
Para encerrar, Sr.
Presidente, quero dizer que esses homens que ficaram em círculo, gelados, armas
engatilhadas, olhando para a frente, não se entregaram à toa, eles esperaram
por isso, participaram disso, morreram para que nós perseveremos aqui no
Brasil. Fizeram tudo isso para não
entregarmos, o que não fosse preciso, do solo brasileiro. Aquela estátua de 17
homens gelados tem significação, é como
um telegrama a nos dizer que não
devemos entregar as riquezas do Brasil:
perseverem e não cedam à globalização! Eles não morreram à toa, morreram lá
para nos dizer alguma coisa que
devíamos fazer aqui, algo de muito íntimo, de muito valor; algo que ficou
constante através dos tempos e sobre o que temos que pensar bastante. Não
podemos, jamais, entregar as riquezas do Brasil e parece que as estamos
entregando. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Pedro Américo Leal falou saudando os combatentes da FEB, em nome da Mesa
e desta Casa.
Requerimento de autoria do
Ver. Gerson Almeida, Líder da Bancada do PT, solicitando licença para o Ver. Clovis Ilgenfritz, para
tratamento de saúde, na data de
07.05.97, nos termos do art. 218 do Regimento, conforme atestado médico anexado
ao Requerimento.
(Obs.: Foi aprovado o
Requerimento de licença do Ver. Clovis Ilgenfritz e dada posse ao Suplente,
conforme consta da Ata.)
Dando continuidade,
informamos o comparecimento, por convite
formulado por esta Casa, do Sr.
José Conrado de Souza, Presidente da Associação Nacional dos Veteranos
da FEB e de um grupo de ex-combatentes para trazer aqui a
sua presença, por ocasião do Dia da Vitória das Forças Aliadas, na 2ª Guerra
Mundial, contra o terror e a
opressão do nazi-fascismo. Neste momento, temos a honra de conceder a palavra ao Sr. José Conrado de Souza para que, se assim o desejar, faça uso dela.
O SR. JOSÉ
CONRADO DE SOUZA: Exmo. Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Dr. Isaac Ainhorn; Srs. Vereadores; meus queridos
companheiros da Força Expedicionária aqui presentes, que nos honram com o seu calor neste momento, meus Senhores e minhas
Senhoras. Falou-nos o Ver. Pedro Américo Leal, com aquele contumaz calor que a
sua alma transmite as suas cordas vocais, para nos dizer bem dos seus
sentimentos de como ele enxerga a Força Expedicionária Brasileira. Meu querido
Vereador, se o Brasil todo visse a Força Expedicionária através de seu prisma,
tenha certeza de que teríamos uma vida melhor, não tenha a menor dúvida
disso. Esta Casa sempre pautou pelo carinho dispensado a estes homens, que nas
linhas de batalha em l944 e l945, foram
buscar a bandeira da vitória, trazendo junto a bandeira da democracia e, junto
ainda, mais alto, à soberania nacional. É muito importante para nós, um
País Continente. Precisamos ter
consciência disso. Precisamos ter consciência de que fomos buscar 465 restos mortais
de companheiros mortos na Itália e dois deles não vieram por que motivo? Um,
porque na travessia do Rio Pó, em combate, pereceu e jamais foi encontrado e,
um outro, que nós atribuímos seja o Cabo Fredolino Chimango, de Passo Fundo,
que morreu na tomada de Montese, e que foi encontrado anos depois pelo nosso
companheiro que lá reside, casado com uma italiana em Pistóia - Miguel Pereira.
Ele é quem cuida do nosso monumento à Força Expedicionária Brasileira. Em 1960,
o nosso grande Comandante Marechal Mascarenhas de Moraes trouxe 465 restos mortais,
foram urnas que vieram de lá; foram 12 desconhecidos, que só Deus os conhece. E
por que o Fredolino não veio? Ele não veio simplesmente pelo seguinte: aqueles
que conhecem a Toscana, a Itália, sabem que nós, brasileiros, somos
considerados os libertadores da Itália. Lá nós temos muito mais homenagens, e
me perdoem a franqueza, acho que o momento é muito oportuno, e principalmente
esta tribuna, para dizer-lhes que nós lá somos muito mais lembrados do que no
Brasil. Nós temos lutado nesses 52 anos de pós-guerra para que a memória da FEB
seja uma verdade, seja um momento latente. Nós temos no Rio de Janeiro um
monumento aos mortos da 2ª Guerra Mundial. Se eu perguntasse aqui quantas
pessoas visitaram o Rio de Janeiro e quantas visitaram esse monumento, eu tenho
quase a certeza de que poucos iriam responder: "Eu conheço, eu já desci
aquelas escadas em que se ouve o silêncio, em que se vê nas catacumbas de
mármore gelado o nome gravado daqueles homens que morreram pela democracia e
pela soberania nacional”. Então, meus senhores e minhas senhoras, aquele
Fredolino Chimango que lá ficou, ficou a pedido do governo italiano para que
ele lá simbolizasse, para a eternidade, os brasileiros que libertaram a Itália.
No dia três de maio de l945 acabou a guerra. Uma divisão de 15 mil homens
estava em combate permanente, como foi a FEB, mais 10 mil homens aguardando o
momento de substituir os que iam sendo evacuados por várias razões da linha de
frente. Uma única divisão - como já
falou o Ver. Pedro Américo Leal - prendeu 16 mil homens: duas divisões, dois
generais, 892 oficiais, quatro mil cavalos, l500 viaturas e uma imensidade de
armamento, foram perseguidos por um esquadrão de reconhecimento, ao qual eu
tive a honra de pertencer. Plínio Pitaluga - estou recebendo dele, hoje, uma
correspondência - se preocupa, diuturnamente, com o futuro da Força
Expedicionária Brasileira. Nós somos poucos já; estamos representados aqui por
um número bastante resumido. Nós já estamos na segunda quadra da vida. Eu
gostaria de dizer ao nosso Presidente, o Ver. Isaac Ainhorn, que ele nos ajude
como faz o judeu no Brasil - ele, como judeu, tem muita experiência e sabedoria
nisso - no sentido de fazer com que os jovens, aqueles que vão nos suceder
jamais esqueçam da Força Aérea Brasileira e dos feitos nos campos de batalha.
De sorte que, se transmitirmos aos nossos filhos, netos e bisnetos, vamos levar
adiante uma página belíssima da nossa história. Aliás, a mais bela história
militar do Brasil, se me permite o Coronel Pedro Américo Leal, porque ela foi
escrita, onde atravessamos o Atlântico, para lá acabarmos com o nazi-fascismo,
que infelizmente ainda hoje procura se soerguer por aí.
Ganhamos a última batalha,
mas não ganhamos a guerra. A guerra está em cada um de nós, todos juntos ou
individualmente. Precisamo-nos manter sempre alertas, com a chama da vitória
bem alta, com nossa bandeira mais alta ainda, para que possamos legar aos
nossos descendentes um Brasil que sonhamos, um Brasil pelo qual aqueles
companheiro que estão no Rio de Janeiro morreram.
Quero para finalizar
entregar, neste momento, o Diploma de Reconhecimento à Câmara Municipal de
Porto Alegre e o Troféu da Cobra Fumando que é o símbolo do ex-Combatente no
Brasil, da Associação Nacional dos Veteranos da FEB - Regional Porto Alegre, da
qual tenho a honra de ser Presidente acerca de 20 anos, para que a Presidência
tenha em sua mesa, em seu armário de troféus esta lembrança, da nossa passagem
hoje por aqui, na véspera dos 52 anos do Dia da Vitória. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
(É feita a entrega do Troféu
e do Diploma.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos neste momento dizer da emoção de
receber a delegação da FEB e os companheiros que se fazem presentes. Esta Casa
se sente orgulhosa de receber este diploma de merecimento pelo que, no curso da
sua história, tem feito de valorização e reconhecimento dos nossos combatentes
da FEB. Queremos dizer que nós,
representação política da Cidade de Porto Alegre, temos muito orgulho pelo que
vocês fizerem, na luta que travaram, com o custo da própria vida de nossos
irmãos, muitos ficaram sepultados naquele campo e, posteriormente, foram
transladados para o Brasil. Temos orgulho dessa página heróica do nosso
Exército e dos nossos combatentes, que foram aos campos de batalha da Europa
lutar pela democracia e pela liberdade. Neste momento esta Casa recebe, da
Diretoria da Associação Nacional dos Veteranos da FEB - Seccional Regional
Porto Alegre, o seu símbolo maior, a Cobra Fumando e o Diploma em
reconhecimento aos relevantes e valiosos serviços prestados à Associação e à
comunidade febiana. Nos orgulhamos desta Casa que concedeu o título de Cidadão
de Porto Alegre a José Conrado de Souza, por sua história e por seu papel
importante junto à Associação, e reconheceu esta como de utilidade pública, bem
como designou a parte fronteira do Monumento Expedicionário na Cidade de Porto
Alegre, como local para o Monumento do Gen. Yeddo Blauth, um dos heróis da luta
e da vitória de Monte Castelo.
Por tudo isso, meu caro
Conrado, todas as palavras são poucas para expressar o nosso reconhecimento a
vocês e também o nosso agradecimento por terem vindo aqui. Creio que temos uma
responsabilidade social de prosseguir na lembrança de tudo aquilo que vocês
desempenharam na luta há mais de 50 anos. Muito obrigado.
Vamos suspender a Sessão
para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos
às 14h40min.)
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn - às 14h48min): Os
trabalhos estão reabertos. Registramos o recebimento do ofício do Ver. João
Motta comunicando que não estará na Sessão de hoje, pois estará acompanhando a votação referente ao sistema
financeiro estadual na Assembléia Legislativa.
O SR. LUIZ
BRAZ: Ele estará representando a Casa?
O SR.
PRESIDENTE:
V. Exa. não entendeu. A Mesa, quando
leu o ofício, na mais absoluta boa fé,
recebeu também o pedido para representar esta Casa. Eu só fiz a leitura do
documento, mas não deferi, recebi o ofício como uma justificativa. Intimamente
estou muito preocupado com o desfecho sobre esse assunto para o Estado. Considerando
a natureza pluralista desta Casa, e as opiniões antagônicas em relação a esse
tema, não vejo motivos para designar um representante para acompanhar a
votação. Por essa razão apenas recebo a missiva do Ver. Motta, como uma
justificativa de ausência, o que é bem recebido.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL (Requerimento): Sr. Presidente, desejo também me deslocar para a
Assembléia, não posso pedir a mesma concessão, mas quero dar satisfação de que
vou para a Assembléia Legislativa.
O SR.
PRESIDENTE:
Sei que V.Exa. tem preocupação quanto à repercussão das conseqüências das
causas públicas que estão em jogo. Também recebo a manifestação de V. Exa. como
uma justificativa. Lamento, pela natureza pluralista da Casa, não poder fazer
uma designação de representação. Embora no exercício da Presidência, não usarei
dessa prerrogativa., a não ser que a Casa entenda de se posicionar em defesa da
manutenção da Caixa, através de manifestações políticas, públicas e de moções.
Designar o Ver. João Motta e V.Exa.
como representantes, não é o caso, a menos que fosse formalizado por esta Casa.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO (Esclarecimento): A representação da Casa em um outro espaço institucional se dá a
convite? Está expresso no Regimento quem decide os critérios?
O SR.
PRESIDENTE:
A matéria é tratada de plano pelo Presidente da Casa. No caso quis o destino,
face a licença para tratamento de saúde do Ver. Clovis Ilgenfritz, que eu
estivesse respondendo interinamente pela Presidência. Na forma do parágrafo 4º
do Regimento Interno, o Presidente poderá designar Vereador ou Vereadores para
representar a Câmara em eventos oficiais, ou em missão especial, havendo
necessidade de aprovação do Plenário
quando a representação importar ônus adicionais ao erário, não cabendo, em
qualquer caso, designação do suplente. Evidentemente a posição é manifesta.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO (Esclarecimento): Pergunto se seria possível V. Exa.,
na condução dos trabalhos,
designar também o Ver. Pedro Américo Leal para acompanhar. Eu me
sentiria duplamente representada pelo Ver. João Motta, mas penso que seria adequado se tivéssemos uma
representação plural, portanto, abrindo mão de participar eu me sentiria duplamente representada pelos
Vereadores já referidos. Solicito a V. Exa. um esclarecimento sobre essa matéria, se V. Exa. tem a prerrogativa de adendar
esse Requerimento, ou se eu posso requerer
que o Ver. Pedro Américo possa nos representar, junto com o Ver. João
Motta, na Assembléia.
O SR.
PRESIDENTE:
Informo a V. Exa. que eu deliberei ,
neste momento em Plenário, receber o pedido de representação do Ver. João Motta
como uma justificativa de sua ausência, porque, pela natureza plural da Casa,
com posições antagônicas em relação à matéria, não me senti na condição de
designar um representante para acompanhar o processo de votação. Embora eu
registre que esta Casa, por inúmeras e sucessivas manifestações, tem uma
posição sobre a matéria na defesa da permanência e da manutenção dessa
instituição que é a Caixa Econômica Estadual. Mas, pela natureza plural e invocando o princípio de respeito às
minorias, que aqui neste Legislativo funciona, não designamos representação. Só tomei o cuidado, em respeito à natureza plural desta Casa, de
não designar representação, mas reiterando que esta Casa tem uma posição sobre
a matéria. Em respeito às minorias, que é um respeito democrático que esta Casa
leva com muito rigor, por ser um Legislativo, não designei representação
oficial.
Passamos à
TRIBUNA POPULAR
Convido a senhora Vânia
Caliendo Meurer, que falará pela Associação Comunitária dos Moradores do Jardim
Urubatã, no assentamento de 428 famílias oriundas da Vila Cristal.
A SRA. VÂNIA
CALIENDO MEURER: Senhor Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os presentes.) Representando
a ACOJUR - Associação Comunitária dos Moradores do Jardim Urubatã, e em nome
dessa comunidade e da comunidade vizinha,
Vivendas de Ipanema, situadas na zona sul da Capital, às margens da
Estrada Juca Batista, estamos aqui para denunciar a V.Exas. o que nos aflige.
Nossas comunidades são compostas de mais
ou menos quatro mil pessoas. Nossos bairros, existentes há mais de l5
anos, não são dotados de infra-estrutura adequada. Não temos uma creche
municipal, onde as famílias possam deixar suas crianças enquanto buscam sua
subsistência. Temos deficiência no atendimento da saúde do bairro, que até hoje
eu não entendi se o Posto trabalha a
favor da comunidade ou contra a comunidade. Agora, estamos na fase da vacina da
meningite; lá não tem. Quando é a fase da tríplice, também não tem. E
pasmem, Senhores, a maioria das vezes as portas deste Posto de Saúde se
encontram fechadas, obrigando a população a procurar outros postos. Os horários
são insuficientes para o atendimento das nossas necessidades e os plantões
médicos são irregulares, não tendo-se segurança de atendimento para quem já possui hora marcada.
Somos atendidos por apenas
uma linha de ônibus: o Juca Batista. Não temos nem mesmo táxi-lotação, embora
já tenhamos realizado várias tentativas visando implantar esse serviço,
mas todas sem êxito.
O trânsito é extremamente
complicado porque a Prefeitura, ao alargar a Av. Eduardo Prado,
inexplicavelmente, o fez apenas até a confluência com a Juca Batista. A partir
daí ocorre um acentuado afunilamento; encontrando-se o trânsito, que flui da
Tristeza e de Ipanema com o da Cavalhada, em demanda a bairros populosos como
Restinga, Itapoã, Cantagalo, Belém Novo, Hípica, ... Não há iluminação
suficiente neste extenso trecho, tornando um risco o deslocamento noturno. É aquele ditado: Saio, mas não sei se volto.
Estamos a assistir a tomada de medidas paliativas, como a construção de
canteiros centrais sem alargamento do leito da avenida, o que estrangula o
trânsito e provoca acidentes, constituindo-se em verdadeiras armadilhas para o
trânsito local. Apenas para registrar, o que já possui registro na grande
imprensa, tivemos de recolher, no último sábado, uma vítima fatal de
atropelamento, justamente neste fatídico trecho.
Nossa rede de esgoto é
deficitária: as redes pluvial e cloacal correm juntas, desembocando a céu
aberto numa rua em pleno bairro. Das bocas-de-lobo exala mau cheiro e são
habitáculo de ratos e ratazanas, propagadores de moléstias e doenças. As nossas
ruas, Senhores, chegam a dar inveja a queijo suíço; há crateras e o solo está
cedendo. Estas duas providências, quanto às redes de esgoto e o emplacamento
das ruas, foram solicitadas pelo Orçamento Participativo. Há dois anos, a
comunidade vem tentando e não conseguiu.
Esses são apenas alguns dos
problemas que nos afligem e que afligem
outros bairros de Porto Alegre, e que o tempo que temos nesta tribuna obriga a não mencionar outros, como a
falta de segurança, por exemplo.
Não bastasse toda essa
problemática, que é muito grave, a Administração Municipal ainda pretende assentar em nossa vizinhança
mais de quatro mil pessoas o que, com absoluta certeza, conduz à conclusão de que tais questões serão, num cálculo
simplista e singelo, duplicados. Em verdade é sabido que em matéria social o
cálculo jamais será aritmético e sim a multiplicação geométrica dos problemas e
conflitos. E o que é pior, apesar de todo o discurso da Administração do
Município de se dirigir em favor dos menos favorecidos, na prática o que está
fazendo é atender aos interesses do grupo econômico interessado na instalação
de um “Shopping Center” na denominada Vila Cristal, onde residem as famílias a
serem reassentadas.
Essa atitude criou um clima
de insegurança para nossas comunidades o que, felizmente, está se esclarecendo
graças à atuação das lideranças desta Câmara, que entendeu que a Administração
deve solucionar e prevenir problemas e nunca criá-los. Nossa comunidade foi
sumariamente afastada de qualquer poder decisório e mesmo opinativo. Somos
vítimas da velha prática do poder exercido de cima para baixo e parece que
querem nos transformar em bonecos, obrigando-nos a apenas aceitar as decisões
sem possibilidade de discussão, afastando nosso direito à cidadania,
obrigando-nos a conviver com essa situação como se fosse o nosso destino. Não
aceitamos esta coleira!
A Administração Municipal se
omite na sua responsabilidade com relação ao planejamento e desenvolvimento
urbano e negocia com empresas privadas a
remoção e reassentamento de famílias,
e faz-de-conta que este assunto não lhe diz respeito. Enquanto isso, nossa
comunidade é pressionada por uma empresa que quer porque quer colocar mais de
600 famílias em área menor do que quatro hectares, sem que conheçamos o teor
dos seus projetos, nos seus mínimos detalhes.
Afinal de contas, por que
toda essa pressão para ocupar essa área? Não há notícia de estudos aprofundados
a respeito dos projetos de reassentamento, e informações importantes nos são
sonegadas. É evidente que a área do
assentamento é minúscula e imprópria para “depositar pessoas”, como se entulhos
fossem. Não há se quer necessidade de maiores conhecimentos técnicos para
chegar a esta conclusão. A área verde adjacente, que é para nós motivo de
orgulho, será comprometida, pois em nenhum momento se falou em adotar meios
para evitar sua devastação. Não há estudo de impacto ambiental. Mais uma vez,
ao que parece, os princípios mais elementares da Ecologia serão atropelados,
não sabendo a que interesses possam atender. O que a nossa comunidade exige, e
quer ver respeitado, é o desenvolvimento do bairro de forma equilibrada, com um
crescimento urbano planejado, onde se respeite os recursos e os investimentos
públicos para proporcionar o desenvolvimento da infra-estrutura de nosso
bairro, solucionando-se os problemas primários que antes referimos.
Nunca apoiaremos condutas
administrativas que contrariem essas premissas, que importem na criação de mais
problemas para nós e nossas famílias e que desrespeitem o nosso direito à
segurança, à tranqüilidade e ao bem-estar. Lutaremos por estes em todas as
instâncias para que, acima de tudo, prepondere o bom senso. Esta, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é a nossa denúncia e o pedido de apoio a nossa
causa, que é justa sob todos os aspectos. Convido os Srs. Vereadores para
conhecer de perto as verdades que agora vos disse. Estão todos convidados, não
para um churrasco, mas para ver problemas e nos ajudarem. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE:
Convidamos a Sra. Vânia Meurer a integrar a Mesa.
O Ver. Nereu D'Ávila está
com a palavra para uma Comunicação de Liderança.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Creio que o surgimento desta questão e
seu trato aqui na Câmara Municipal é muito importante, porque chama a atenção
da Cidade, e a nossa, para o problema dos reassentamentos e, inclusive, da
Administração que gosta de proclamar a participação da sociedade, da comunidade
para a solução da problemática municipal.
A comunidade do Urubatã, hoje,
traz o mesmo problema já referido no ano passado pelo Jardim Vila Nova: são os
reassentamentos e a relação dos que irão para as comunidades, os reassentados,
com os que já lá estão assentados.
Na semana passada, houve uma
reunião no Jardim Vila Nova - durou cinco horas - em que cinco representantes
das Secretarias, SMT, SMED, SMOV, DMAE e DEP,
discutiam as questões com a comunidade. E ficou aguçado o problema, só
com o diálogo da Prefeitura com a comunidade, ficou claro que a infra-estrutura
do Jardim Vila Nova não suportará a presença de cerca de 400 pessoas, que são
96 famílias, porque o ônibus está lotado, porque há 33 crianças na creche e há
470 mães inscritas querendo a creche, e assim por diante. A escola está
superlotada. Com a questão de a Secretaria Estadual colocar sistema de
computação, as salas de aula diminuíram.
A Sra. Vânia nos trouxe
informações sobre a infra-estrutura precária do Urubatã e sobre o
reassentamento de 600 famílias. Agora são bem mais do que 96. Então, há que se
debruçar sobre este problema. Eu fiquei surpreso com um projeto do Ver. José
Valdir, tratando somente dos reassentados. Ele quer obrigar as escolas -
“obrigar” - a terem vagas para os que vão ser reassentados. Quer que o eixo viário para os que vão seja
único. Quer que as pessoas que vão para lá não tomem mais de um ônibus. Ora,
isso é o ideal. Só que ele não pensou nos que lá estão. E o transtorno que isso pode trazer para
eles. O projeto está aí.
(Aparte anti-regimental do
Ver. José Valdir.)
O SR. NEREU
D’ÁVILA:
Não pensou, tanto que apresentei uma emenda.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa suspende os trabalhos e informa
aos Srs. Vereadores que o Ver. Nereu D’Ávila está falando em tempo de Liderança
e, portanto, não são permitidos apartes.
(Suspendem-se os trabalhos
às15h10min.)
O SR.
PRESIDENTE (às
15h11min.): Os trabalhos
estão reabertos e a palavra continua com o Vereador que está na tribuna.
O SR. NEREU
D’ÁVILA: Eu
daria o aparte com prazer, porque a matéria requer a seriedade que queremos dar
a ela.
Então nós, inteirados dos
problemas da comunidade do Urubatã - vejo que estão apreensivos -, constatamos
que as coisas não são tão simples assim. Eles não são manadas de gado de
búfalo, que se coloca dentro de um
caminhão e se coloca lá.
Queremos dar àquelas pessoas
que já estão nos locais pagando os impostos, sofrendo os problemas com uma
linha de ônibus, tudo aquilo que foi explanado aqui e temos conhecimento de
todas as demandas da comunidade.
O Orçamento Participativo,
às vezes, fica com cinco ou seis prioridades e cumpre três ou quatro; e aquelas que não são cumpridas vão para as
calendas gregas. Eu já tenho dito aqui, e discuti com alguns conselheiros do
Orçamento Participativo, que gostaria que o Orçamento Participativo se
preocupasse - pois, se são cinco prioridades para zonas, centro, sul, outra
qualquer - com que as prioridades fossem cumpridas no ano fiscal, para que se sobrarem duas,
elas não fiquem para as calendas, porque, no ano seguinte, serão novas
prioridades. Chamo a atenção porque
essa é uma crítica construtiva em que temos que pensar. Diz a Senhora, aqui, que o Orçamento Participativo ainda
não atendeu demandas daquela região. Eu, responsavelmente, não faço discurso
demagógico, não é o meu estilo, mas quero
dizer à comunidade que as suas preocupações são pertinentes e que os
senhores contam integralmente com o
apoio e a solidariedade da Bancada do PDT.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, representantes da
comunidade do Jardim Urubatã. Não apenas este Vereador, que lidera a Bancada do
PDT, mas toda a nossa Bancada, formada por cinco Vereadores, estamos ao lado
não apenas da comunidade do Jardim Urubatã, como também ao lado da comunidade
que atualmente tem o seu habitat na
região próxima ao Jockey, que será retirada dali. De acordo com aquilo que está sendo anunciado, esta comunidade será
praticamente depositada, jogada, largada em um outro local. Esse outro local
não tem infra-estrutura suficiente, nem
mesmo para atender aqueles que lá
estão. As demandas que tramitam pelo
Orçamento Participativo e que já foram aprovadas, infelizmente, de acordo com denúncias dos próprios moradores, não são levadas a efeito. E isso é
muito grave. Por isso sempre fomos partidários a que aquelas demandas que
passam pelo Orçamento Participativo deveriam passar pela Câmara Municipal, para
serem legitimadas, mas, infelizmente, isso não acontece. Então, antes de se
resolverem os problemas dessas comunidades, fazemos uma conclamação ao
Plenário: que nenhum projeto, nenhum ato possa ser realizado para legitimar o
tal Projeto “Shopping Cristal”. Não somos contrários ao “Shopping Cristal”, mas somos contrários a
que, para erguer aquele complexo do “Shopping Cristal”, duas comunidades possam
ser condenadas a uma vida pior do que aquela que levam no momento.
Que fique bem clara a
posição da Bancada do PTB aqui nesta Casa: não somos contrários ao “Shopping
Cristal”; somos favoráveis. Somos
contrários a que o povo seja tratado dessa forma, a que essas duas comunidades
sejam tratadas dessa forma, com desrespeito. No momento em que se encontrar a
solução para o assentamento daquela comunidade que será transferida, e que se
encontra nas proximidades do Jockey
Club, e no momento em que se encontrar novo destino, novas possibilidades para aquela comunidade que
está assentada no Jardim Urubatã, não teremos problema
algum em votar aqui uma urgência - que já foi anunciada que será colocada em
votação - e o Projeto que também está aqui para mudar o regime urbanístico
daquele local onde será erguido o “Shopping Cristal”.
Então, de forma clara, bem
verdadeira - não de forma demagógica - sem deixar dúvidas das ações que
queremos empreender, apoiamos um pedido
feito pelo Ver. João Dib, que está na Mesa da Câmara, para a formação de uma
Comissão Especial que vai poder acompanhar
aqueles acontecimentos todos que envolvem a transferência dessa
comunidade do Jockey Club e, também, a vida daquelas pessoas que estão
localizadas no Jardim Urubatã. É a posição da Bancada do PTB que eu fiz
questão, como Líder da Bancada, de trazer a esta tribuna para o conhecimento de
todos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra em Liderança.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. Eu tenho a mais absoluta convicção de que neste
Plenário há 33 Vereadores que desejam que o “Shopping Cristal” seja construído,
como de resto, toda a população que ali está. Não há nada contra o “Shopping”.
O que se pretende é absoluta clareza naquilo que acontece. O que está na Câmara
é um pedido que poderia estar, sem que o Shopping estivesse presente nas
cogitações da Prefeitura. Nada impediria este Projeto de ser analisado pela
Câmara Municipal. O que vem depois dele é que pode ter sérios problemas e estes
nós não conhecemos. Mas no momento em que a transparência é essencial, eu quero
deixar bem claro que colocarei todas as dúvidas do mundo se aquela Comissão que foi pedida para análise
do Projeto, não for aceita pela unanimidade da Casa.
Eu sei que o Regimento diz,
no seu artigo 63, que a Comissão Especial se dará no momento em que assunto de
natureza excepcional, considerado pelo Plenário, der razão para que essa
Comissão seja constituída e, é claro que o mesmo artigo 63 diz que as Comissões
Permanentes dever-se-ão pronunciar sobre a viabilidade ou não da realização de
Comissão Temporária. A realização de
uma Comissão Especial para tratar de um problema de alteração do Plano Diretor
não é novidade nesta Casa.
No Regimento anterior, alteração de código só se fazia
com Comissão Especial. Agora, mais maleável e mais fácil em alguns casos, o
Regimento não exclui a necessidade de uma Comissão Especial. Vou testar o
desejo de acerto, de seriedade e de transparência pela votação dessa Comissão Especial. Eu já vejo ameaçada a Comissão Especial. Ela e tão-somente ela
pode resolver, com a clareza necessária, todo o Projeto que aí está. É bom
lembrarmos que o Plano Diretor deve entrar na Casa. E não vou entender
movimentos que tentem impedir a
realização dessa Comissão Especial. Não
tenho razão maior de colocar esta minha preocupação, mas um pouco de prudência
não faz mal a ninguém e eu estou sendo
prudente. Eu tenho as minhas colocações pensando sempre que existem dois
caminhos: o certo e o errado. O errado eu não trilho. O certo eu quero trilhar
sempre. Não significa que eu acerte sempre, eventualmente eu erro também, mas
quando constato o erro reformulo meu trajeto e volto para o caminho certo.
Colocarei todas as dúvidas do mundo em qualquer obstaculização a essa Comissão
Especial, porque todos nós temos o direito de ser ouvidos.
O Orçamento Participativo,
eu disse ao Vice-Prefeito Fortunati, não foi ouvir os moradores do Urubatã nas
suas necessidades. E a Prefeitura pretende
dar a entender que com o Projeto aparentemente aprovado, porque foi
divulgado em toda a imprensa - e eu disse que é o “shopping papel”, e não é o
“Shopping Cristal”, por enquanto - está
tudo certo. Só estará certo depois que esta Casa examinar, com a devida tranqüilidade, com a devida seriedade, com
a devida responsabilidade, tudo o que aqui se apresentar. E a nossa
responsabilidade é dar o melhor a esta Cidade que representamos aqui.
Volto a dizer: os 33 Vereadores, tenho a absoluta convicção,
querem o “Shopping Cristal”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
A Vera. Anamaria Negroni está com a palavra em tempo de Liderança.
A SRA. ANAMARIA
NEGRONI:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Secretário, Sra. Vânia Meurer, Senhoras e
Senhores da comunidade Urubatã e demais pessoas que se encontram neste
Plenário. Estivemos no Jardim Urubatã a pedido da comissão do bairro e lá
constatamos - já conhecíamos inclusive - que a situação que a Dona Vânia
colocou aqui, é verdadeira. Tanto é, que tiramos fotos do sistema de esgoto
precário a céu aberto, para quem quiser ver - estão aqui as fotos. O bairro,
infelizmente, enfrenta esse problema, e um problema bastante sério. Por que bastante sério? Porque é um bairro
que tem deficiências, tem, além disso, problemas de falta de creches, o
atendimento de saúde é bastante deficitário
- nos deixou boquiabertos, pois esse ponto eu desconhecia. Uma linha só de
ônibus - e isso constatamos - da Trevo, não existe táxi-lotação que gire por
dentro do bairro. Essas famílias que devem ser transportadas do bairro Cristal
para lá terão que transitar por dentro
do bairro! Além disso, o trânsito naquela zona é impressionante, eu conheço bem
porque trabalhei durante muito tempo na Zona Sul, indo até o Lami e a Ponta
Grossa.
Então, são "n"
problemas que enfrenta a comunidade do Bairro Urubatã. Como levar mais duas mil e quinhentas
pessoas para morar lá? Cerca de quinhentas famílias serão deslocadas do Campo
do Cristal, do Estaleiro Só e da Foz do Arroio Cavalhada para um bairro que não
tem infra-estrutura suficiente para ele próprio, ao contrário do que é alegado
pela Prefeitura, que diz que essas pessoas serão retiradas dali e serão
reassentadas num local com toda infra-estrutura, com oito linhas de ônibus,
etc. Essa situação tem que ser
repensada e muito bem trabalhada. Inclusive nós, Vereadores, devemos instituir
uma comissão para tratarmos desse
assunto, do problema da suspeita com relação à construção do “Shopping Cristal”
e aquela coisa toda que foi publicada nos jornais. Então, considero que nós
temos, como Vereadores e representantes do povo porto-alegrense, que repensar
tudo isso. Fazer com que essa Comissão exista realmente e trabalhe em cima
disso, para esclarecermos todos esses pontos, para que não se atropele da
maneira como está sendo feito. Esse Projeto está aqui na Casa para ser votado
em Regime de Urgência, e eu acredito que temos que dar uma segurada nisso.
Vamos estudar melhor esse Projeto do “Shopping Cristal”, para vermos os
problemas das pessoas que serão reassentadas e que ainda não foram, sequer,
cadastradas pelo DEMHAB e, também, para
ouvirmos a comunidade do Bairro Urubatã. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs.
Representantes moradores do Jardim
Urubatã. Considero muito importante que
esse debate venha à tribuna da Câmara e venha da forma mais ampla possível. É
um debate que já vem sendo feito em, pelo menos, três vilas populares
irregulares que impõem condições miseráveis de vida e subumanas em alguns
casos. Há cerca de 600 a 700 famílias em determinados lugares de Porto Alegre.
Esse debate só veio à tona exatamente por um acordo, uma discussão, que
redundou num termo de compromisso entre a Prefeitura de Porto Alegre e um
grande empreendedor privado que tem vários "shoppings" no País - o
Grupo Bozano, Multiplan, Multishopping
- de instalação de um investimento econômico importante - entre 150 e 200
milhões de reais na Cidade, na área próxima ao Hipódromo do Cristal onde essas
famílias estão hoje. Esse investimento econômico trará à Cidade de Porto Alegre
2000 empregos, todos sabem. No momento em que se canta em prosa e verso a
necessidade e a importância de se trazer investimentos econômicos para a
Cidade, objetivo de que ninguém discorda - os que usam esta e outras tribunas
tem concordado com isso -, a concordância na instalação daquele
"shopping", a concordância em tirar 700 famílias de condições
precaríssimas de vida, de saúde, tem conseqüências. É impossível ser favorável
a isso e ser contrário a que essas pessoas encontrem um lugar na Cidade para
morar de forma digna, com infra-estrutura, com segurança, com iluminação
pública, com casa, e assim por diante, porque, senão, nós vamos chegar a uma
equação impossível de resolver. Nós vamos ser favoráveis a tudo, mas não
seremos favoráveis quando essa questão se concretizar.
Eu entendo e reconheço as preocupações específicas que têm os
moradores da região. Legítimas preocupações, corretas preocupações, que são
abordadas, aqui, com relação à infra-estrutura urbana, à saúde, à segurança, a
questões de preservação ambiental, e assim por diante. Essas são preocupações
sérias e que precisam ser tratadas pelo
Poder Público Municipal. É preciso ficar assegurado que vai haver
infra-estrutura suficiente, porque assim diz o termo de compromisso. As
famílias não serão depositadas, porque não se deposita gente; elas serão
assentadas com condições dignas de vida, como tem sido o esforço da
Administração Popular todos esses anos.
Hoje, as casas na Vila
Campos do Cristal têm em média 22 metros quadrados. Quando as chuvas chegarem,
Senhores e Senhoras, as pessoas vão morar sobre um metro de água num dos
lugares mais insalubres e com um dos piores índices de sanidade na Cidade de
Porto Alegre. Esse investimento
econômico, por sabedoria da Administração, a meu juízo, em mediar os interesses
da Cidade pelo interesse público fez, com, que dos 150, 200 milhões de
investimentos, de 20 a 30 milhões sejam ocupados em infra-estrutura urbana na
região, com a duplicação de vias e no assentamento daquelas 600, 700 famílias.
Portanto, não se trata de ser contra os moradores do Jardim Urubatã ou querer
que eles vivam em piores condições, ao contrário, se trata de um esforço, e a
Câmara de Vereadores pode auxiliar nisso, de compatibilizar as demandas de um
com as demandas de outro. Porque, a rigor - li atentamente, porque não pude
acompanhar a representante dos moradores - em todos os debates o que se discute
é a qualidade de vida. E esse é o objetivo, o desafio que nos colocamos, nós
que apoiamos a Administração Popular na Cidade de Porto Alegre.
Portanto, se há uma
comunidade que reivindica isso, temos que ouvi-la, atentar a isso e buscar uma
solução melhor possível.
Agora, o nosso compromisso de qualidade de vida é com a Cidade de
Porto Alegre, que tem que ser compartilhada com todos os segmentos; não podemos
buscar a qualidade de vida apenas partimentalizada. É por isso que chamamos a
todos; vamos debater exaustivamente, assegurar e ter a garantia de que são 700
famílias que vão viver em condições mais adequadas, com o dobro de tamanho de
casas do que as em que vivem hoje.
É esse o nosso desafio, é isso que queremos. Queremos também
investimentos econômicos na Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Reginaldo
Pujol em tempo de Liderança pelo PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nesta semana,
várias têm sido as manifestações que chegam à Câmara Municipal que envolvem a
construção de um "shopping", junto ao Hipódromo do Cristal. a opinião
pública não desconhece que várias situações têm sido denunciadas e que a nós,
Vereadores, não comporta outra alternativa senão, diante de fatos que nos são
trazidos e que demonstram a complexidade que envolve o exame dessa matéria,
tomarmos as posições que julgarmos mais adequadas.
O Ver. João Dib, que é um
homem experiente, entendeu de englobar todo esse processo através da
constituição de uma Comissão Especial que se debruçasse objetivamente sobre o
que há no Projeto de Lei hoje em discussão na Casa, sobre o que haverá em
futuros projetos de leis que virão à Casa necessariamente em função de
compromissos que o Município, através do órgão Executivo, assumiu e,
finalmente, também, por que não, nos colocarmos diante de situações que nos
chegam a toda a hora e que nos falam de situações não agradáveis que estariam
ocorrendo nessa negociação.
Hoje ainda, recebi dos
moradores do Jardim Urubatã documentos, indagações firmados por duas centenas
de pessoas que são contribuintes de Porto Alegre e que têm que ter a consideração
dos representantes do povo com assento nesta Casa. É lógico que outras
discussões têm ocorrido, outras afirmações têm sido feitas, algumas das quais
questionadas, inclusive, e que têm a ver com essa situação diretamente. Nós
vemos que a grande discussão que se armou em torno desse Projeto foi quando se
falou da necessidade do reassentamento de moradores em área que será ocupada
pelo “shopping”, dentro de uma negociação com a Prefeitura. Negociação
comprometida pelo Executivo e que nós haveremos de deliberar, afinal, porque
assim exige a Lei. Pessoas, se dizendo da Administração Municipal, foram até a
proximidade do Jardim Urubatã e lá promoveram medidas iniciais visando a um
assentamento que, pelo nosso entendimento, não tem condição de existir agora,
porque o que se prevê no Projeto, futuramente, é um assentamento em lugar que
vai ser transacionado com o Município; não sei se esse lugar será transacionado
com o Município. Então, diante de todo esse quadro, estou vindo à tribuna, até
porque participei nos últimos dias de alguns fatos e fiquei surpreendido com
situações que me foram narradas. Os documentos que tive oportunidade de
compulsar me levam a crer que, no nascedouro desse problema, existem situações
de pessoas vinculadas, até muito pouco tempo, com a administração do Município
e que estariam, no que me parece um jogo duplo, atuando dos dois lados.
Então, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, na presença de todos, com a correção que tenho procurado pautar a
minha atuação na vida pública, digo a todos que, além de me juntar àqueles, como o Ver. João Dib, que querem a
maior cautela no exame de todas
questões em torno do “Shopping Center Cristal”, além de toda essa
cautela, eu não titubearei em dar a maior atenção a todos aqueles contribuintes
que, num direito legítimo, estão exercendo a verdadeira participação popular e
que vêm até nós com reclamações de qualquer ordem. Se chegarmos a conclusões que possam por em risco a legalidade, a
legitimidade, a transparência nos negócios que alegadamente se realizam no
Município e em torno dele, certamente teremos a resposta objetiva. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Carlos Garcia em tempo
de Liderança.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, demais moradores
do Jardim Urubatã, esse é o assunto da cidade,
há poucos minutos reportava-me aos moradores do Jardim Urubatã que, pela
primeira vez, eu fui sondado pela sua diretoria. Alguns moradores já haviam mantido
contato comigo, mas pela sua diretoria foi a primeira vez. Acho que tudo deve ser tratado com mais
clareza. A questão dos assentamentos nos preocupa. Vou dizer algo aqui que vai
chocar alguns, mas a preocupação maior é o que essas famílias poderão representar
naquela região, segundo os moradores, uma desvalorização em termos de
investimentos feitos pelos moradores! Acho que tem que ser discutido, como
também não acho justo que vocês não tenham sido consultados. Onde moro gosto de saber quem são meus
vizinhos, então vocês também têm esse direito. Ao mesmo tempo, penso que a
questão da infra-estrutura deve ser debatida. Como é essa infra-estrutura? Vão
ir para lá 700 famílias e o Jardim Urubatã vai ganhar infra-estrutura? Ganhando
infra-estrutura, servirão as 700
famílias? Não sei. Por isso temos que tratar os assuntos de forma clara. O
Jardim Urubatã, ganhando infra-estrutura, irá querer as 700 famílias? O
problema não é o impacto ambiental, e a preocupação é com quem vai morar ao
lado. Três aspectos nós temos que ver: a questão do custo e benefício dessa
obra, sem prejudicar essa comunidade; portanto, Srs. Vereadores, continuem
mobilizados, a luta é de vocês, e nós estamos aqui para ouvi-los, com calma e
discernimento para tomar uma postura. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está
com a palavra em Liderança.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Os Vereadores
desta Casa estão atentos e preocupados, não só com os moradores do Jardim
Urubatã, mas, neste momento, esses moradores fazem com que nós,
Vereadores, façamos uma reflexão maior,
Sra. Vânia. A questão do “Shopping
Cristal”, do “shopping” do Jóquei Clube,
fez com que conhecêssemos mais de perto a problemática, tanto das
condições desumanas dos moradores do Cristal, do Jóquei Clube, como dos
problemas que vão causar, sendo feito esse reassentamento no Jardim Urubatã -
que tem problemas. Nós estamos hoje
ficando mais familiarizados com esses problemas, essa me parece, claramente, a
função da Câmara de Vereadores, a função dos Vereadores, é ficarmos atentos,
preocupados com as questões de Porto Alegre e, dentro das nossas
possibilidades, dentro dos nossos limites, nos envolvermos para que possamos
minimizar a problemática.
E também é função da Câmara, é função dos Vereadores fazermos denúncias quando entendemos que atos
irregulares ou atos imorais acontecem, envolvendo o Executivo, envolvendo o
Legislativo. É nossa obrigação fazermos esta denúncia pública. E nesta semana
foi feita uma denúncia, não somente por este Vereador, mas por quase todos os
Vereadores, ditos de oposição na Câmara Municipal. Fizemos a denúncia de que
um ex-funcionário do DEMHAB, o Sr. Rafael Gonçalves, que hoje é sócio de uma empresa que
participa da questão do reassentamento dos moradores do Cristal. Eu tive o
prazer de participar, num programa de televisão, de um debate com o Ver. Gerson
Almeida e com esse funcionário. Vejam, Srs. Vereadores, aqueles que ainda não
estão inteirados no assunto, que o cidadão
era funcionário desde 1993 do DEMHAB até o dia 10 de outubro. E lá se dizia,
nesse programa de televisão, e o funcionário estava presente, que não, que ele
saiu no dia 30 de setembro. Nós temos obrigação de acreditar nas pessoas. Na nossa versão, este cidadão tinha
encaminhado a sua participação acionária, como sócio desta empresa, no dia 1º de outubro. O Ver. Gerson Almeida, que
infelizmente não está aqui, mas certamente está atento, endossava que ele
passou a ser sócio no dia 19 de dezembro. E nós temos a documentação. Nós temos
o Ato, vejam a importância, no Diário Oficial de Porto Alegre, 13 de novembro
de 1996: "Exonera Rafael Gonçalves, 971/2 , do CC de Oficial de Gabinete
2.4 a contar de 10.10.96, Processo..." É um documento. E o funcionário dizia que ele tinha sido
exonerado no dia 30. Até poderia ter sido no dia 30! Na minha visão, não é
ético, não é moral que se saia de um Cargo de Comissão no dia 30 e se assuma
numa empresa. Mas o Ver. Gerson Almeida dizia que eu e o Ver. Cláudio Sebenelo
estávamos equivocados, que ele tinha entrado no dia 19 de dezembro. Está aqui,
nas minhas mãos, o Contrato Social na Junta Comercial. Ele entrou na Junta
Comercial no dia 1º de outubro de 1996. Foi registrado no dia 19 de dezembro.
Ele entrou com o documento quando ainda era funcionário da Prefeitura para
realizar serviços que não foram contratados. Vamos ser honestos. Não foram
contratados pela Prefeitura. Foram contratados pela MULTIPLAN para que ele
fizesse o reassentamento dessas comunidades que estão em volta do futuro
"shopping" do Jóquei Clube.
Ninguém estava acusando de uma irregularidade. Nós acusávamos de uma anomalia
na visão deste Vereador, de uma falta de ética. Mas o funcionário, que já foi
alto cargo - chegou a ser Diretor Substituto do DEMHAB - disse que não eram verdadeiras nossas
afirmações. E passávamos, eu e o Ver. Sebenelo, num programa de televisão, não
digo por mentirosos, porque as pessoas nos conhecem, mas, no mínimo, por
levianos. Os Vereadores fazem acusações
que um cidadão dizia que não eram verdadeiras e nós temos os documentos
que estão à disposição dos 33 Vereadores desta Casa. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto
pelo orador. )
O SR. PRESIDENTE: Tendo em vista que não há mais Vereadores inscritos para manifestar sobre o tema, suspendemos
por três minutos a presente Sessão para as despedidas com a representante e a
comunidade da ACOJUR.
(Suspendem-se
os trabalhos às15h53min. )
O SR. PRESIDENTE(às 15h57min): Estão reabertos os trabalhos. Apregoamos o Ofício
nº 216/97, do Senhor Prefeito Municipal, solicitando autorização para o
Vice-Prefeito José Fortunati afastar-se de Porto Alegre, indo para a Alemanha
entre os dias 24 de maio a primeiro de junho.
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA ESPECIAL
1ª SESSÃO
PROC. 1490/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 018/97, que dispõe sobre o Plano
Plurianual para o quadriênio de 1998/2001 e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: Não há oradores inscritos para a Pauta Especial.
Passamos
à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 1224/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 059/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe
sobre a obrigatoriedade de Curso Superior de Educação Física para os
responsáveis pelas Academias de Artes Marciais.
PROC. 1266/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 065/97, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que dispõe sobre
a construção de um busto em homenagem a Lydia Moschetti.
PROC. 1278/97 - PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 009/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que acrescenta
§ 5º ao artigo 69 da Lei Complementar nº 07, de 07.12.73, especialmente
alterado pelas Leis Complementares nºs 209, de 28.12.89, e 228, de 27.06.90, e
dá outras providências. (redução do percentual de multa incidente em Imposto
sobre transmissão "inter vivos")
2ª SESSÃO
PROC. 2972/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 174/96, de autoria do Ver. Luiz Braz, que inclui artigo na
Lei nº 7.023, de 16 de abril de 1992, que denomina Largo Jornalista Glênio
Peres o local situado entre o Mercado Público Municipal e a Praça XV de
Novembro.
PROC. 1325/97 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 010/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede ao músico Neri Soares
Gonçalves o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues.
PROC. 1369/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 017/97, que estabelece o preço mínimo para alienação de terrenos de
propriedade do Município no Porto Seco. Urgência.
3ª SESSÃO
PROC. 1152/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 049/97, de autoria do Ver. Gerson Almeida, que concede o
título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Adalberto Antônio
Pernambuco Nogueira.
PROC. 1279/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 070/97, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que revoga a
Lei nº 7975, de 09.4.97, que denomina e limita o "Bairro Iguatemi" no
Município de Porto Alegre. Com Emenda nº
01.
PROC. 1302/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 072/97, de autoria do Ver. João Dib, que concede o título
honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Economista Guilherme Socias Villela.
PROC. 1351/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 012/97, que autoriza a alienação por retrocessão de imóvel remanescente de
desapropriação à viúva do expropriado e dá outras providências. (Bairro Santa Cecília)
PROC. 1353/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 013/97, que autoriza o Poder Executivo a alienar imóvel do patrimônio
municipal a Jorge Fernandes e dá outras providências. (Bairro Cavalhada)
PROC. 1354/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 014/97, que autoriza o Poder Executivo a permutar imóveis do patrimônio
municipal por imóveis de propriedade de Adão Anésio Lima da Cruz e Construtora
Maestri Ltda. (Bairro Cavalhada)
PROC. 1355/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 015/97, que autoriza a alienação de sobra de terreno, pertencente ao próprio
municipal, proveniente da abertura da Rua Irmão José Otão à Miracy Schüler
Schaan. (Bairro Bom Fim)
PROC. 1356/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 016/97, que autoriza a alienação de sobra de terreno, pertencente ao próprio
municipal, proveniente da abertura da Av. Assis Brasil, à Reitz Indústria
Mecânica Ltda. (Bairro Vila Elisabeth)
PROC. 1362/97 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 012/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o título honorífico de
Líder Esportivo e Esportista Exemplar a Alexandre Denes Dávid.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Para conhecimento,
para o Vice-Prefeito se ausentar do País, ele precisa da autorização
desta Câmara?
O SR. PRESIDENTE: A informação que tenho é de que precisa. Evidentemente que fiz apenas
o apregoamento da matéria que será
examinada no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça, que deve ser
responsável pela elaboração ou não do decreto legislativo.
Está com a palavra o Sr.
Secretário para a leitura dos projetos inscritos em Pauta Comum.
A Mesa, antes de passar a
palavra para os Srs. Vereadores oradores em Pauta comunica que deferiu a
retirada do Projeto que instituiu o número do código de endereçamento postal,
CEP, nas ruas do Município, Processo nº 1306/97, PLL nº 73/97. A Mesa informa para conhecimento dos Srs.
Vereadores que a respeito da matéria
sobre a qual trata o Projeto do CEP já há lei na Cidade de Porto Alegre, é a
Lei nº 7581, que dispõe sobre a
colocação do CEP nas placas com os nomes dos logradouros e equipamentos
públicos, lei de autoria do Ver. João Bosco Vaz, e sancionada pelo Sr. Prefeito
Tarso Genro, em 3 de janeiro de 1995.
Portanto, o Projeto de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, por deferimento, foi
excluído da Pauta em função do requerimento deferido por esta Presidência.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, queria
dizer que ingressei com um Requerimento, nesta Casa, na data de hoje, ao ter
sido dado ciência pela Diretoria Legislativa da existência desta Lei. Esse
Projeto de Lei não estava na Pauta no primeiro dia, já seria o segundo dia e,
mesmo aqueles Vereadores - como V.Exa. que participaram da Legislatura passada,
não haviam se dado conta da existência de uma lei. Nesse sentido, nós pedimos
escusas e também à Casa. Por isso,
encaminhamos requerimento solicitando a retirada desse Projeto de Lei.
O SR. PRESIDENTE: V.Exa. não precisa, no entendimento deste Vereador, pedir escusas.
V.Exa. estava no pleno exercício da sua atividade parlamentar, na preocupação
de melhorar a qualidade de vida na Cidade de Porto Alegre. O que ocorre,
Vereador, é que há uma desorganização completa, na opinião deste Vereador, em
relação à organização de leis na Cidade de Porto Alegre. A única compilação que
existe atualmente é na legislação tributária, feita pela Associação dos
Funcionários Fiscais da Prefeitura Municipal. Infelizmente, não há um serviço
ordenado das leis. Não é a primeira vez que ocorre um problema como o que
aconteceu com V.Exa.. Por outro lado,
esta Presidência vai, em reunião da Mesa Diretora, solicitar
providências do Executivo Municipal para que cumpra a Lei do CEP. Ocorre
que o Executivo não cumpre a lei. É
obrigado a colocar nas placas o CEP, e o Executivo não cumpre a lei municipal.
O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. O jornalista Barrionuevo, na página
10, ontem, fazendo um comentário sobre um Projeto de minha autoria que tramita
nesta Casa, termina dizendo que este Vereador quase apanhou neste Plenário,
após ser atacado com relação à sua intenção. A exposição feita pelo colunista
não corresponde exatamente à verdade daquilo que nós queremos ou daquilo que
está expresso no Projeto de Lei.
Hoje tivemos a oportunidade
de dar uma entrevista à jornalista Nelcira
Nascimento, na Rádio Gaúcha, e tentávamos esclarecer a nossa intenção.
Em primeiro lugar, quero
dizer que não sou filiado a nenhuma associação ou organização afro, não sou
umbandista, mas tenho muitos amigos tanto nas religiões afros como nas não-afros.
A pedido desses amigos, eu resolvi entrar com um Projeto na Casa, não para
alterar o nome que foi dado àquele Largo, Largo Glênio Peres. Não queremos
alterar, até porque temos uma admiração muito grande - sempre tivemos - pelo
trabalho do ex-Vereador Glênio Peres e, também, uma admiração muito grande pelo
trabalho exercido pela sua esposa Sra. Lícia Peres. O que estamos propondo
através deste Projeto é que uma placa seja colocada naquele local como uma
homenagem à cultura afro que teve, na verdade, o seu desabrochar exatamente
naquela região.
Quero que os Srs. Vereadores
apenas se lembrem que, consultando dados históricos, vamos averiguar que o
porto, há algum tempo, era exatamente ali.
O Sr. Adeli Sell: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, como deu
confusão com o tema, V. Exa. poderia ser bem explícito acerca do local de
colocação da placa e a sua dimensão para não haver essa discussão.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Adeli Sell, não existe uma dimensão para a placa. O local? Em qualquer um daqueles locais que formam o
quadrilátero do Largo Glênio Peres. Não existe um local exato para ser colocada
a placa.
Assim como foi colocado um
obelisco em homenagem ao Zumbi, ali nos Açorianos, assim como são colocados
obeliscos homenageando ideologias ou pessoas em praças ou locais que já têm
denominação, então, nós queremos que seja colocada ali uma placa, homenageando
uma cultura que, na verdade, teve seu início ali. Os primeiros negros que
chegaram aqui, em nossa região, foram desembarcados ali, naquele local. Pois
ali era o porto e para isso basta que nós consultemos os historiadores.
O que foi pedido, e parece
lógico, é que não teria problema colocarmos
uma placa, assim como poderia ser um obelisco ou qualquer estrutura que pudesse
servir de homenagem a esta cultura afro e que é tão importante para a nossa
região. Estamos numa região que foi colonizada pelos açorianos e uma região
que, algum tempo atrás, se utilizou muito do braço escravo para poder
desenvolver. Nós queremos que, no local onde tudo começou, seja colocada a
placa, mas de modo algum, temos a intenção de mudar o nome do Largo Glênio
Peres. Nós só queremos fazer uma homenagem
e, para isso, escolhemos aquele local, porque foi ali o início da
cultura afro em nossa região.
Portanto, atendendo
pedido dos amigos vinculados às
religiões afro e umbandista foi que colocamos essa idéia através deste Projeto
de Lei. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Eu gostaria de, dentro do Projeto em Pauta, comentar o PLCL nº 009/97, de autoria do
Ver. Fernando Záchia, que propõe a
redução de multa incidente sobre o Imposto de Transmissão Intervivos -
ITBI. Acho importante a iniciativa
desta Casa na redução das multas, porque lamentavelmente o Executivo, que
deveria ter a primeira iniciativa, está se omitindo neste aspecto. Parece que
para a Administração Popular, é lamentável, que, hoje apenas dois Vereadores me
ouvem ...
O SR. PRESIDENTE: Vereador, estou assegurando o seu tempo. Por
gentileza, pedimos ao Plenário que os Vereadores retornem as suas tribunas porque há um Vereador fazendo uso da
palavra.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Para a Administração do
nosso Município parece que a inflação ainda não caiu, ainda está nos níveis de
30%, porque ainda não tomou a iniciativa de reduzir as multas abusivas sobre os
impostos municipais. Devo dizer que o Governo Estadual já tomou as iniciativas,
já reduziu as multas sobre o ICMS, e nós ainda não tomamos nenhuma atitude
sobre as multas e impostos municipais.
O Sr. Fernando Záchia: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Nedel, o Parecer prévio da Procuradoria é contrário e tenho uma
divergência a esse Parecer. Certamente,
as Comissões afins poderão analisar mais
profundamente, porque a multa não é receita ordinária, o Orçamento não conta, o
Município não conta como recursos
oriundos da multa. E vejam: é feita uma avaliação do imóvel e
permanentemente está atualizado. É
extremamente injustificável, no meu modo de ver, nós termos além do valor
atualizado, através da avaliação do imóvel,
uma multa de l5%. Por isso, cumprimento V. Exa. pelo pronunciamento.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ver. João
Dib, com a palavra para um aparte.
O Sr. João Dib: Acho um absurdo multar alguém
por algo que ele não praticou. Quando alguém pede uma avaliação para escriturar
o seu imóvel, se ele não puder escriturar ele não vai escriturar. Não tem a
obrigatoriedade de fazer a escrituração. Há uma validade - e isso está
absolutamente correto - daquele valor por um determinado prazo, mas tão somente
isso. Agora, se eu pedir novamente me darão novamente, e eu não poderei ser
multado por uma infração que não pratiquei.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Obrigado, nobre Vereador. Tem o aparte o Ver. Adeli
Sell.
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. está se referindo a todos os tributos, pelo que vejo, ou
apenas à questão do ITBI? Se for a questão do ITBI acho que os argumentos dos
Vereadores Isaac Ainhorn e João Dib têm lógica. Mas, quanto aos outros, seria
importante no sentido de coibir a sonegação.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Estou me referindo ao Projeto em Pauta, sobre o
ITBI e também sobre os outros impostos, porque também espero a iniciativa do
Governo Municipal sobre os outros impostos, que também são abusivos; e muito
mais abusiva é a multa sobre o ITBI de
que trata o Projeto do Ver. Fernando
Záchia.
Aproveitando a presença de
inúmeras pessoas aqui presentes, também lamento que tudo aquilo que é em favor
do governo, da administração municipal é acelerado, é rápido; mas tudo que
venha em favor do povo, em benefício financeiro do povo, isso é negado e não são tomadas as
iniciativas devidas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estou aqui hoje
para argumentar sobre o Projeto 065/97, de autoria deste Vereador, que dispõe
sobre a construção de um busto em homenagem a Lydia Moschetti, conhecida de
todos. A nossa proposição é para que façamos este busto em reconhecimento às
obras desta mulher que chegou ao Brasil em 1907, com 18 anos de idade, com sua
mãe e mais oito irmãos, depois de uma vida sem sorte, desde que nascera em um
berço nobre, mas pouco aceito, na cidade italiana de Toscana. A vida no Brasil
para esta senhora não foi fácil. Mas aqui ela se transformou num mito, devido
aos trabalhos de grande importância que realizou para o nosso País, nosso
Estado e nossa Cidade. Acredito que os colegas devam dar atenção para a
Exposição de Motivos com relação a este nosso Projeto.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Projeto de V.
Exa. tem uma Emenda correta; dispõe sobre a construção de um busto em homenagem
a Lydia Moschetti. Mas o art. 1º autoriza o Executivo a erigir um busto; o
Executivo não tem necessidade de autorização; pode fazer o busto no momento em
que quiser, em praça pública, sem nenhum problema. Então, acho que o art. 1º
deve ser mudado, deve ser impositivo.
O SR. ELISEU SABINO: Agradeço a V. Exa.. pelo aparte. Evidentemente que
a nossa intenção é que o busto seja
construído e feitos os reparos
necessários ao Projeto e estamos
abertos para que sejam feitos.
Aproveitando o momento,
considerando que o assunto Lydia
Moschetti é de suma importância e de muita profundidade, queremos que realmente
haja uma apreciação por nossos colegas. E gostaria de salientar, quanto ao
Processo 2972/96, PLL nº 174/96, de autoria do Ver. Luiz Braz, que se
refere à transformação do nome
Largo Glênio Peres para Terreiro
Público Cultural Afro-brasileiro, que eu, particularmente, acho que não
devemo-nos posicionar favoráveis nesse sentido, considerando que aquela área é
uma área interdenominacional e que deve, de certa forma, manter o nome que tem
e teremos, ali, uma posição de
liberdade para que todos possam, de uma maneira especial, realizar suas
cerimônias religiosas e políticas. Portanto nos posicionamos contra a esta
proposta.
O Sr. Luiz Braz: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não estamos
propondo a troca de nome. O que estamos propondo é, apenas, que em qualquer
ponto daquele local possa ser colocada uma placa em homenagem à cultura Afro.
Não estamos, de forma alguma, sugerindo troca de nome. Basta V.Exa. ler o
Projeto e então poderá ver que, em
momento algum, estamos propondo a troca do nome. Inclusive, já dissemos na
tribuna que temos uma admiração muito grande pelo trabalho do ex-Vereador Glênio Peres e até pelo trabalho que sua esposa está
realizando na sociedade.
O SR. ELISEU SABINO: Fica nossa colocação e agradecemos a oportunidade.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dois Projetos nos
preocupam na Pauta de hoje. Queremos alertar a respeito do Projeto do Ver.
Fernando Záchia, que no seu argumento afirma, ao final: “Entendemos que o
ajuste proposto não irá afetar o erário municipal, uma vez que as multas não se
constituem receitas orçamentárias’. E, realmente, não são receitas
orçamentárias. Apesar de a Procuradora da Câmara Municipal dizer que “receita
orçamentária é o conjunto de recursos financeiros que entram para os cofres
públicos”. Mas uma multa não pode ser prevista, então, não pode estar no
Orçamento. O Orçamento é alguma coisa prévia que se faz em relação ao movimento
financeiro durante um ano.
Então, neste momento,
parece-me não só meritório, até porque a grande maioria das transações
imobiliárias, em Porto Alegre, são de médias e pequenas propriedades - as
grandes propriedades têm um valor muito alto, mas são raras - queremos dizer
que reconhecemos todo o mérito do Projeto, e votaremos a favor. Inclusive, pela
alta finalidade social que o compõe.
Em segundo lugar, por mais afeto e consideração, admiração que
tenho pelo Ver. Luiz Braz, peço licença para discordar da proposta de colocação
de uma placa alusiva a uma determinada religião, e uma determinada etnia.
Porque no momento em que nós admitirmos - e parece-me que a chegada dos negros
em Porto Alegre era do outro lado do Mercado e não ali, ali não era a praia -,
parece-me que devemos satisfazer todas as outras etnias; colocando uma, não,
mas no mínimo quatro placas no local que hoje é o único largo de Porto
Alegre - pois o outro é pequeno, o Largo dos Medeiros -, onde pode haver a
reunião de todo o povo, pode haver o congraçamento, a integração do povo num
único local de Porto Alegre. Local espaçoso, amplo, com os devidos recursos, e, indubitavelmente, homenageando uma
das grandes figuras desta Câmara de Vereadores e da Cidade, que foi Glênio Peres. Tenho certeza de que a figura de
Glênio Peres jamais seria afetada pela
colocação de uma placa, não é esse o enfoque. Parece-me que, no momento em que
nos propusermos a colocar uma placa naquele local, a placa pode tornar
secundária, não o grande Glênio Peres,
a homenagem que se fez a ele. Em segundo lugar, todas as outras etnias e
todas as outras religiões terão direito ao mesmo acesso.
O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A
inteligência, a sensibilidade do nobre Ver. Luiz Braz fará com que ele encontre
outra solução para prestar a homenagem que ele deseja. Tenho absoluta certeza
de que ele não desejou, em momento algum, causar um problema para os Vereadores, para o homenageado, para
a família do homenageado , e ele há de encontrar um outro local.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Agradeço a V.Exa. pelo aparte e quero dizer que não só essa é a minha convicção como
também não desmerece, em absoluto, o
mérito da iniciativa do Ver. Luiz Braz,
à qual não só aplaudimos, como somos solidários. A nossa única divergência é
topográfica.
O Sr. Luiz Braz: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Sebenelo, fico contente
porque, muito embora divergindo de V.Exa., V.Exa. traz o primeiro argumento
razoável, que poderia contrariar o nosso Projeto. V.Exa. disse que,
historicamente, supõe não seja ali o
primeiro local onde chegaram os negros, em Porto Alegre. V.Exa. traz o primeiro
argumento razoável que, inclusive, V.Exa. teria comprovado através dos
historiadores. Como nós também procuramos historiadores, acreditamos que ali seja o ponto onde os negros deram
entrada na nossa região. Eu o cumprimento, porque muito embora eu divirja de
V.Exa., devo reconhecer que V.Exa. traz o primeiro argumento contrário razoável.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Minha divergência não é rígida, mas esta é uma proposta que faço.
Quero, inclusive, cumprimentar o Ver. Luiz Braz pela brilhante iniciativa,
porém, divergindo do aspecto topográfico. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE :O Ver. Carlos Garcia está com a
palavra.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Reginaldo
Pujol entrou com um Projeto sobre a obrigatoriedade do curso superior de
Educação Física para os responsáveis pela academia de artes marciais. Está
tramitando nesta Casa um projeto que dispõe sobre o funcionamento de
estabelecimentos ligados à atividade física, que também contempla esse mesmo
segmento de artes marciais. Nós também tivemos acesso ao que a Procuradoria da
Casa colocou. Esta coloca alguns assuntos pertinentes quando ela fala na
Constituição Federal, que diz que compete aos municípios legislar sobre
assuntos de interesse local e suplementar à legislação federal e estadual no que lhe couber. O
inciso I do art. 30 é amplo e impreciso: o que vem a ser interesse local?
Parece que é local o que for do interesse e preocupação do Município. Na medida
em que a Constituição Federal alencou a repartição de competências, conferiu a
si e ao Estado a preocupação com o desporto. Nós entendemos que o desporto e as
atividades físicas são de interesse local e compete ao Município, já que elas
são realizadas dentro do âmbito municipal.
O Sr. Adeli Sell: V.Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Parece-me, Ver.
Carlos Garcia, que a questão fundamental em pauta é a licença que a Prefeitura
dá para um estabelecimento funcionar, ou seja, o alvará. Hoje não tem nenhum
elemento restritivo à obtenção de um alvará para uma academia, e o que V.Exa.
quer regrar e, me parece também ser a preocupação do Ver. Reginaldo Pujol, são
os elementos para a obtenção deste, que também já me manifestei sobre essa
questão. Sem dúvida nenhuma, alguma coisa há de ser feita neste sentido.
O SR. CARLOS GARCIA: A nossa preocupação é no sentido da questão local
que ficou em dúvida, se seria de interesse ou não. Nós entendemos que é assunto
de interesse local, por isso tem que estar contemplado, não deveria haver esta
dúvida, pelo menos no nosso entendimento.
O Ver. Reginaldo Pujol está
propondo o Título de Cidadão Honorífico ao exemplar esportista Alexandre Davis,
hoje com 85 anos, que ainda trabalha com atletismo na Redenção. Quem o
conheceu, e conhece ainda, sabe que ele
tem muito a ver com a história da Educação Física e do desporto, aqui no Rio
Grande do Sul. Porque, praticamente, foi no momento que Alexandre Davis veio
para o Brasil, mais especificamente para o Rio Grande do Sul, que a Educação
Física e o desporto começaram a ser tratados sob outra ótica: desportiva, mas,
ao mesmo tempo, científica.
Então, entendemos que é meritória a proposição do Ver. Reginaldo
Pujol. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann
em tempo de Liderança.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Muito se tem
falado neste País a respeito da falta de memória dos cidadãos em geral,
principalmente, em relação à história deste País. E ainda na semana passada,
aqui nesta Casa, se levantava uma questão interessante: que muitos dos
pronunciamentos aqui desta tribuna eram relativos à causas fora do âmbito
municipal.
A minha presença na tribuna, hoje, tem uma finalidade, não de
resgatar totalmente esta lógica e nem de invertê-la, mas registrar a data de
hoje como uma data muito importante para o Município de Porto Alegre. Hoje se
comemoram 70 anos de fundação da Viação Aérea Rio-Grandense, mais conhecida
como VARIG. Fruto do idealismo de um grupo de descendentes e imigrantes
alemães, tendo à frente o velho Meyer e depois secundada por Rubem Berta, que foi o consolidador da
empresa. A VARIG se transformou, ao longo desses 70 anos na empresa brasileira
de navegação aérea mais importante do País e uma das mais importantes do mundo.
A VARIG, hoje, já não é genuinamente gaúcha, sua administração foi transferida
para o Rio de Janeiro por motivos óbvios, é lá que se localiza o centro nervoso
do País. Mas o setor de manutenção da VARIG, um dos mais importantes do
continente, permanece em Porto Alegre. Há pouco tempo a VARIG alienou o seu
setor de informática, terceirizou o setor de informática. Isso foi uma perda
relativa, para os nossos pruridos de gaúchos, de sediadores da VARIG, mas,
também, é uma decorrência dos tempos novos que estamos vivendo. O motivo,
portanto, da minha presença na tribuna é não deixar que esta Casa, que vai
fazer em setembro 223 anos, tenha-se
esquecido de um acontecimento ocorrido há 70 anos nesta Cidade que foi a
fundação da VARIG.
Nós comemoramos há pouco
tempo os 70 anos da Rádio Gaúcha, outra instituição pública que merece todo o
nosso respeito e consideração, o mesmo respeito e consideração que nos merece a
VARIG que leva o nome do Rio Grande nas asas do seus aviões para o mundo todo.
Era isso que queria deixar registrado hoje. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1117/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
010/97, que
cria uma FG de Diretor de Escola de 1º Grau Completo, uma de Vice-Diretor de
Escola de 1º Grau Completo, no Quadro do Magistério Municipal, uma de
Secretário de Escola I, no Quadro da Administração Centralizada, e dá outras
providências.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, III, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.
O SR.
PRESIDENTE:
Em discussão o PLE Nº 010/97. Não havendo quem queira discutir, em votação.
(Após a chamada.) APROVADO o PLE Nº
010/97 por 30 votos SIM.
PROC. 1334/97 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº
006/97, de
autoria da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, que aprova as contas da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, referentes ao exercício de 1992.
Parecer
- da CEFOR. Relator Ver.
Adeli Sell: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- votação nos termos dos
Arts. 122, 123 e 124 do Regimento da CMPA.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Em discussão o PDL nº 006/97 (Pausa.). Não
havendo quem queira discutir, o Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para
encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos diante de
um Decreto Legislativo que aprova as contas da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, referente ao exercício de l992. O Ver. Adeli Sell foi o relator da matéria na Comissão de
Finanças e Orçamento, conseguindo
aprovação unânime com os votos do Vereador Presidente Pedro Ruas, Vereador
qualificado desta Casa, e dos não menos qualificados Vereadores Guilherme
Barbosa e João Carlos Nedel. Na verdade, o que diz o Parecer do ilustre Ver.
Adeli Sell? Diz: “Partimos do Parecer do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, nº 8.109, de 01.10.1996, que se pronuncia favorável à aprovação
das contas referentes ao exercício de 1992”. Quer dizer, quatro anos depois,
o Tribunal de Contas conclui o seu
trabalho e recomenda a aprovação das contas do Município do exercício de 1992. Diz
ainda o Parecer: “Verificada vasta documentação a que tivemos acesso,
constatamos preocupação por parte da
administração do Senhor Prefeito de então, Olívio Dutra, com a transparência de
suas ações. Verifica-se que não existe qualquer razão para questionar as
referidas contas”.
O que me traz à tribuna é achar que o ato de aprovar as contas do
Município é uma das tarefas mais
relevantes que a Câmara Municipal tem,
ao final de todo o processo orçamentário, que nasce desde a sua
preparação, elaboração da proposta, sua
sagração por parte do Legislativo, a
sua execução, a tomada de contas, até chegar a esse momento final. Observo isso
já de outros mandatos. Um trabalho como esse, um ato de tamanha responsabilidade,
muitas vezes, passa aqui pela Casa despreocupadamente, sem maiores
considerações, porque a Lei Orgânica do Município cometeu um equívoco que só se
justifica por ela ter seguido o formato dado ao constitucionalismo brasileiro
que, a partir de 1988 transformou as
comissões de finanças dos vários órgãos do Legislativo num grande
receptáculo desse tipo de informação. É a
Comissão de Finanças aqui da Casa que anualmente recebe os informes
sobre execução orçamentária e pode, com ela, ter um contato mais comum,
diversamente do que era anteriormente, quando a Casa recebia esse tipo de
informação.
A rigor, são raros os
momentos em que nós, enquanto órgão coletivo, estamos em contato com essa
realidade. Aqui mesmo, estamos diante de um fato: chegou aqui para ser votado,
vamos votar no dia de hoje. O Relatório do Ver. Adeli Sell segue os trâmites
tradicionais, se embasa no pronunciamento do Tribunal de Contas do Estado que,
quando não questiona, é normalmente sacramentado, porque ele seria aquele órgão
que auxilia os legislativos na Tomada de Contas dos respectivos municípios.
Então, a minha vinda à tribuna tem sentido. Eu não estou aqui aprovando uma
conta simplesmente porque apareceram estas contas aqui. Eu estou até dizendo
que nós temos um vezo de, em função das
complicações legais, que as contas têm que ser submetidas ao Tribunal de
Contas, que eles têm excesso de serviço, que as coisas lá se demoram, Ver.
Pedro Américo Leal, a gente vem, em 1997, decidir as contas de 1992. E nem
poderia ser diferente, porque a tomada de contas final do Município, feita por
este Legislativo, só pode se dar posteriormente a vinda deste Relatório do
Tribunal de Contas do Estado. Então, quando eu votar e aprovar estas contas, eu
quero fazê-lo dizendo que, de certa maneira, por vezo constitucional, o
Legislativo nesse particular - Ver. José Valdir, V.Exa. que tanto proclama a
importância da competência de fiscalização dos legislativos -, nesse
particular, nós reduzimos a nossa atividade. Afinal de contas, Sr. Presidente,
o que ocorre em discussão aqui quanto à tomada de contas é tão somente naqueles
casos quando vem do Tribunal de Contas alguma referência que possa criar algum
tipo de dúvida. Na maioria dos casos, o que nós fizemos é consagrar, em última
análise, o que disseram os técnicos do Tribunal de Contas.
Eu acho que a Comissão de
Finanças, tendo como Presidente o ilustre Ver. Pedro Ruas, deve inaugurar uma
nova fase, uma fase de maior profundidade, de maior acompanhamento das contas
municipais. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador. )
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Adeli Sell para encaminhar.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
fico muito grato pelo Ver. Reginaldo Pujol ter vindo a esta tribuna
discutir conosco o Projeto de Lei de aprovação das contas do ex-Prefeito Olívio
Dutra. Queria dizer ao Ver. Pujol que gostaria de fazer uma autocrítica do meu
próprio relatório, porque acho que deveria ter feito um questionamento sobre a
demora das coisas que acontecem ou deixam de acontecer no nosso País. Acho que
passou muito tempo até a análise do próprio Tribunal de Contas do Estado. Nós
devemos sempre fazer um movimento muito forte para que as contas sejam imediatamente analisadas e trazidas
para a apreciação do Legislativo. O volume de documentos que está anexo a esse processo é muito vasto. Tive a
paciência de verificar o grosso desses documentos e verificar, como coloquei no
Relatório, a concordância porque ali
estava expresso a lisura do comportamento do então Prefeito Olívio Dutra. Acho que deveria ter colocado algumas questões de
princípios básicos que norteiam a nossa visão de administração pública, que é
desde a entrada do prefeito em uma administração, a sua preocupação em
conseguir todos os trâmites legais que uma administração pública exige; além de
ter um compromisso com a ética e o
comportamento da
transparência coisa pública, que foi
feito durante todo o mandato do ex-Prefeito Olívio Dutra e que sempre batalhamos em todos os governos
por onde passa o Partido dos Trabalhadores.
Evidentemente, aqui, uma
Casa Legislativa, existe o contraditório, a divergência e a oposição. Então, nada mais justo do que o
conjunto de Vereadores se preocupar com as contas do Município. E a simples
vinda a este microfone do Ver. Reginaldo Pujol ,mostra que devemos ter esta
visão aqui colocada. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann para encaminhar.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a vinda do Ver.
Reginaldo Pujol a esta tribuna para se manifestar a respeito do largo período
que medeia o término do mandato de um Prefeito com a sua prestação de contas a
ser apreciada por esta Casa não é novidade. Esta Casa tem se insurgido, há
muito tempo, contra a demora com que o Tribunal de Contas envia, para exame do
Legislativo, ou seja, a última instância de apreciação desses processos, essas
prestações de contas. Eu quero recordar ao Plenário que, circunstancialmente,
fui presidente da Comissão de Finanças da Casa, quando se enviou para cá a
prestação de contas do ex-Prefeito Alceu Collares. O próprio Tribunal cometeu
um atropelo, porque mandou para cá as
contas de 1985 e, posteriormente, mandou as contas de 1987, não mandou a do ano
intermediário. Na ocasião se verberou esse procedimento, mas recordo de anos
anteriores em que isso era sistematicamente reiterado. Eu não sei a razão pela
qual o Tribunal de Contas não envia com a presteza necessária essa prestação de
contas. Não sei. Nós estamos hoje diante do mesmo fenômeno, fenômeno entre
aspas, não se sabe - por isso é fenômeno - qual seja a causa. Não nos
impacientemos. Vamos ver o que disse o Tribunal de Contas, que teve bastante
tempo para examinar essas contas. O exercício de 92 veio para cá em 97. Cinco
longos anos de exame. O que nós podemos fazer aqui em uma semana ou em 15 dias,
se o Tribunal teve 5 anos para examinar essas contas? Só nos cabe aprová-las.
Fui testemunha da lisura, do empenho, da dedicação do Governo Olívio Dutra
nesse ano de 1992, que está sob exame. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PDL nº 06\97. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Não há Requerimentos. Está
encerrada a Ordem do Dia.
Vamos suspender os trabalhos
para que o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça coloque em votação
o Parecer das Comissões Conjuntas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h58min.)
O SR. PRESIDENTE (às 17h17min.) Estão reabertos os trabalhos e passamos, de imediato, para o
Período de
GRANDE EXPEDIENTE
O Ver. Antônio Losada transfere o seu tempo para o Ver. Cláudio
Sebenelo.
O Ver. Cláudio Sebenelo está
com a palavra.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como se não
bastasse este grave problema que estamos enfrentando em relação ao “Shopping
Center” do Jóquei Clube, este Vereador está pedindo providências no sentido da
reavaliação do projeto que foi hoje publicado no jornal “Zero Hora”, complexo
comercial e habitacional - Projeto Hermes - do Bairro Três Figueiras.
O referido Projeto modifica
as características do bairro, prejudica gravemente o seu entorno, fere o Plano
Diretor, agride o meio ambiente e elimina toda e qualquer possibilidade de
melhoria do trânsito da região, que hoje já é caótico.
A Dra. Ada, da Associação
dos Moradores das Três Figueiras, entrou com uma representação junto ao
Ministério Público. Ela fala da preocupação dos moradores, porque não existe
até agora nenhum estudo de impacto ambiental ao que eles estão sujeitos. Nenhum
relatório sobre o significativo aumento da poluição sonora que serão vítimas os
moradores. Não existe estudos sobre os riscos de contaminação hospitalar, já
que será construído um hospital atrás do Colégio Anchieta. Não existe nenhum
estudo sério sobre a viabilidade do tráfego nas estreitas ruas do bairro, que
servem de escoamento para os dois maiores colégios: o Anchieta e o Farroupilha.
Na hora do pique, geram profundo congestionamento e não há nenhuma provisão.
Apesar desses inúmeros
prejuízos os moradores não foram chamados a discutir ou a opinar sobre o
bairro, os seus direitos de meio ambiente sadio, assegurados pela Constituição
Federal. Tais mudanças no bairro não poderão ser implementadas sem todos esses relatórios, já que o direito
difuso dos moradores do bairro, segundo a lei, estão resguardados pela
Legislação Ordinária e protegidos pela
Constituição. Por isso, requerem urgentes providências do Ministério Público,
tendo em vista a ameaça de dano
iminente, ameaça constituída pela derrubada de mais de três mil vegetais, de
espécies nativas, atrás do Colégio Anchieta. A retirada dessas árvores na região da Rua 1º de Janeiro será um dano
irreparável, o que se comprova com o aviso da Secretaria Municipal do Meio
Ambiente que, como nota de
esclarecimento, - é isso o que quero
chamar a atenção dos Vereadores -, diz
que a supressão de árvores é necessária devido à construção de
um loteamento. Como compensação da
massa vegetal removida será efetuado o plantio de 195 mudas nativas em locais indicados pela SMAM. No entanto,
serão mais de três mil árvores derrubadas! Ora, a própria SMAM vai indicar o
replantio em locais distantes dessa floresta nativa, ficando o bairro
descaracterizado, o seu trânsito vai ser um inferno.
Este Projeto foi aprovado no
dia 30 de dezembro de 1996, o que nos leva à suspeita de que foi aprovado com muita
rapidez, um Projeto cuja
tramitação na Prefeitura se superpõe a
problemas muito parecidos com o do “Shopping Cristal”. Se houver decência na Administração Municipal há de se reconhecer o erro e há de se reparar o problema. Enquanto o Ver.
Záchia falava, quase toda a Bancada do PT se retirou. Tomara que tenham ouvido o
que disse o Ver. Záchia.
Peço providências junto a
Secretaria Municipal do Meio Ambiente que, inclusive, nos disse que o Processo não estava lá e, já na
Secretária do Planejamento, nos disseram que o Processo está na Secretaria do
Meio Ambiente. Daqui a uma semana teremos vista do processo, e então vou
repassar a V.Exas. não só as preocupações dessa comunidade, mas o que está
acontecendo na tramitação desse tipo de projeto, em que a comunidade não é
ouvida, quando é totalmente contrária à execução do Projeto. E a Administração
Popular faz um discurso dizendo que há total transparência. Nós não vemos essa
transparência. Fomos recebidos por técnicos da SMAM, mas a Associação dos
Moradores do Bairro, com mais de quarenta pessoas, não foi recebida pelas
autoridades que têm o poder de decisão.
Estamos trilhando o mesmo
caminho que trilha o Ver. Fernando Záchia, com denúncias da maior importância e
da maior gravidade. É o segundo fato no
dia de hoje que vem comprometer a imagem da Prefeitura Municipal. Pedimos
transparência e que sejam atendidas as reivindicações dos moradores do bairro.
A Lei é clara; são oito conjuntos residenciais, onde irão morar mais de l.200
pessoas, aumentando a demanda de esgoto, tanto pluvial quanto cloacal, e não há
Relatório de Impacto do Meio Ambiente.
Esse é absolutamente desconhecido, quando serão derrubadas mais de 3.000 árvores com danos muito
grandes ao meio ambiente, cuja área já conta com problemas viários graves, que
não serão resolvidos, a não ser com a construção de grandes artérias de
escoamento. Ali hoje existem duas ruas pequenas, a 1º de Janeiro e a Soledade,
terminando num fundo de saco.
Nós exigimos da
Administração Popular, que faça do seu discurso uma realidade, com
transparência, inclusive com as pessoas que têm poder de decisão atendendo a
comunidade, que se sente frustrada com a aprovação desse Projeto. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra. Desiste. O Ver. Carlos Garcia
está com a palavra.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje pela manhã
estivemos visitando a Gruta e o Hospital Divina Providência. Lá constatamos
alguns segmentos importantes que gostaríamos que fossem solucionados o quanto
antes. Primeiramente, nos deparamos com a falta de sinalização na esquina da
Avenida Oscar Pereira com a rua da Gruta, o que, segundo moradores, está
ocasionando acidentes, tanto com danos materiais como com lesões a inúmeras
pessoas. Então, estamos solicitando à Secretaria Municipal de Transportes que
faça um estudo naquela área. Talvez uma das soluções seja colocar um semáforo
no local. Observamos que bem na esquina da Gruta ficam estacionados os
lotações.
O Hospital Divina
Providência recebe hoje, em média, 10 mil pacientes por mês. É um volume muito
grande de pessoas e o afluxo de veículos naquela região é enorme. As pessoas
que conhecem aquela região sabem que o leito da rua é muito estreito. Além
disso, há a preocupação com o Arroio Cascata. Solicitamos aos Vereadores que
visitem o Arroio para verem a situação precária em que se encontra. Há muita
sujeira naquela região. Além do mais, o Hospital Divina Providência está em guerra
constante com os moradores. Até a saída do Hospital há um cuidado com a rede
cloacal e a rede pluvial. Só que numa distância próxima de 50 metros isso cai no Arroio Cascata e lá é misturada
a parte cloacal com a pluvial. Os moradores constantemente reclamam do mau
cheiro; também reclamam que já viram sangue - na realidade, isso vem da
lavanderia. Além disso, solicitamos ao DEP que faça uma revisão e a
substituição na rede, que é insuficiente. Sistematicamente, quando as comportas
do hospital são abertas, não há vazão suficiente. Então, solicitamos esse cuidados o quanto antes, porque os
moradores estão reclamando. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada cede seu
tempo ao Ver. Guilherme Barbosa, em Grande Expediente.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Senhor Presidente e Srs. Vereadores. Infelizmente,
o Ver. Sebenelo não conseguiu me dar um aparte, porque eu queria perguntar ao
Vereador em qual lei ele estava se
baseando. Falou muito em lei. Gostaria de saber qual lei para que pudéssemos debater a partir de uma
coisa concreta. Espero que, depois, V.Exa. me passe o número da lei. Eu estava
lendo a matéria da “Zero Hora” de hoje sobre o Projeto Hermes, e não sei se
V.Exa. não leu a matéria toda - eu não havia lido -, mas, provocado
positivamente por V.Exa., fui ler. Diz aqui: “O Projeto Hermes, como é
chamado, foi apresentado à Prefeitura há mais de dois anos e desde então teve
que passar por uma série de exigências da Administração Municipal. Para
conseguir todas as licenças necessárias, foi preciso realizar estudo de
viabilidade, impacto ambiental e trânsito. Como a área é muito arborizada, a
Mercúrio comprometeu-se em poupar o máximo da vegetação possível e replantar
todas as árvores que forem derrubadas em locais próximos”.
V.Exa. havia dito que nada
havia sido estudado, nada foi considerado. Estranho que V.Exa., de um Partido
que defende a iniciativa privada, não queira, com toda essa preocupação, que um
investimento de 50 milhões de reais seja feito na Cidade. Eu não entendo mais.
O Ver. Nedel, corretamente, nos cutuca bastante de que é preciso criar empregos
e investimento na cidade. Quando a Prefeitura, com todo o cuidado está trazendo
mais um importante investimento, V.Exa. não quer. Não consigo entender qual é a
proposta afinal do Vereador do PSDB nesta Casa, porque estamos propondo
investimentos, cuidando da qualidade de
vida e, de fato, V.Exa. está contra. Não sei se apenas quer proteger algumas
famílias do entorno ou se está, realmente, pensando na Cidade. O Projeto prevê,
ainda, além das partes comerciais e praça de alimentação, um pequeno hospital.
O Sr. Cláudio Sebenelo: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
O V. Exa. sabe por que o Ver. Juarez Pinheiro está apresentando uma revogação
da Lei de criação do bairro Iguatemi? É porque a população não foi consultada.
Esse Projeto foi feito com o desconhecimento de todas as associações - AMA 3, AMASHAP e as associações dos bairros em
volta -, e, inclusive, com um
"lobby" muito forte, e, agora, irá aparecer um imenso Projeto,
de grande impacto, que nenhum dos moradores teve conhecimento. V. Exas., da
Administração Popular, que são tão ciosos da consciência da população, deveriam
apoiar meu discurso e, mais do que isso, buscar transparência, porque o Projeto
estava na SMAM e nos disseram que não
estava. E agora, estamos com dificuldade de conseguir uma segunda via do
Processo. Se o Ver. Guilherme Barbosa me ajudar no pleito de conseguir pelo
menos a segunda via do Processo, na Secretaria Municipal de Planejamento,
agradecerei profundamente e
reconhecerei, desta forma, a intenção da transparência nesse tipo de assunto.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Ficarei, também, esperando a lei em que V.
Exa. se baseia, porque, com certeza, a
Prefeitura está baseada numa Lei muito forte chamada Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano para aprovar isto. É uma
Lei muito forte, que possui um Conselho representado por várias entidades, pelo
Executivo Municipal, etc. Podemos fazer um Pedido de Informação, que é o caminho
mais eficiente para isto.
O Sr. Adeli Sell: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A Prefeitura tem
observado, rigorosamente, o Plano Diretor
da nossa Cidade. Eu iria dizer que no Iguatemi as pessoas já moram lá.
Existe todo um Bairro organizado e está sendo projetado todo um projeto
urbanístico para aquele local. Não parece que há uma diferença
substancial?
O SR. GUILHERME BARBOSA: Exatamente,
a lei que determina nome de rua, de logradouro exige a manifestação das
comunidades. E para aprovar um investimento, um projeto desse porte, tem que se
basear no Plano Diretor. É isso que queremos saber: se houve ou não a aprovação
do Plano Diretor e do seu conselho que tem representante do Executivo
Municipal, e de várias outras entidades: IAB,
Sociedade de Engenharia, CREA e assim por diante. Essa é a questão
principal.
O texto diz, mais adiante:
"Assim como o Grupo Multiplan precisou atender a uma série de exigências
de obras da Prefeitura para que o Projeto “Shopping Cristal” fosse aprovado, a
Mercúrio também deverá aprimorar a
infra-estrutura da região. Para que o impacto de 108 mil m²
de área construída não afete a qualidade de vida dos moradores do
bairro, haverá mudanças em algumas ruas. A Luís Manoel Gonzaga ganhará asfalto,
a Av. Nilo Peçanha será ampliada nas proximidades do investimento, por meio da
diminuição do canteiro central, sinaleira e assim por diante". Quer dizer,
o Ver. Cláudio Sebenelo não leu, na totalidade, a matéria.
A Sra. Anamaria Negroni: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Gostaria de saber se houve realmente essa aprovação, a
consulta, inclusive, com relação ao
IAB, ao Plano Diretor, porque me parece
que não. Ouvi, inclusive, o
Presidente da Associação do Bairro na TV e ele disse que os moradores
não foram ouvidos. Isso não está
muito bem esclarecido, como V. Exa. está nos informando.
O Sr. Fernando Záchia: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Até porque tenho os filhos que estudam no colégio Anchieta, esse é o
caminho que faço diariamente. A Manoel Luiz Gonzaga sendo asfaltada, não
resolve, pelo atual fluxo que tem, sem considerarmos essas obras. E alargar a
Nilo Peçanha, na proximidade da Manoel Luiz Gonzaga, na frente do Anchieta, não
tem nem mais canteiro!
Há um canteiro de dois
metros e alguma coisa, acho que não resolveria, porque ela já é uma via com problemas de acesso de
trânsito de veículos - eu estou lendo a matéria no jornal -, então, parece-me
que essas obras seriam insuficientes pelo volume de pessoas que morarão ali no
entorno.
O SR. GUILHERME BARBOSA: O Ver. Fernando Záchia traz uma discussão. Mas,
Vera. Anamaria, não podemos inverter um processo que é o mais correto. Quem
desconfia tem que trazer a prova da sua desconfiança. Nós, de repente, dizemos assim: "Parece, acho; tem que provar que foi". Não, quem
desconfia é que tem que dizer que não foi. Esse processo passou dois anos na
Prefeitura para que depois ela o aprovasse, o que mostra que passou pelos
trâmites necessários, e a Prefeitura fez muitas exigências para que ele fosse
aprovado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, gostaria, rapidamente, de fazer uma
intervenção. Nesta Casa, se começou a fazer uma reflexão sobre o papel do
Vereador, a responsabilidade pública, as atribuições da Câmara. E essas
questões que têm sido levantadas aqui na Casa e na imprensa, somadas às
preocupações que todos nós, Vereadores desta Casa, devemos ter neste momento,
tendo em vista o fato concreto, na nossa Cidade, com as denúncias trazidas
pelos moradores em relação à instalação
do “Shopping Cristal”, o envolvimento
dos servidores públicos do Município nessas
tramitações e todo esse momento que temos vivido de discussão dessa
questão. Na verdade não é uma discussão sobre a importância ou não do
“Shopping”, mas é uma discussão sobre a legalidade dos trâmites, a moralidade
dos trâmites, que me fez, através de vários debates com algumas pessoas que
trabalham nessa área do direito público, aprofundar um pouco mais essa
discussão que pretendo trazer a esta Casa, não apenas em termos de reflexão -
como quero fazer neste momento -, mas, também, como um projeto de lei para o
Município.
A Câmara Municipal de Porto
Alegre já tem demonstrado, através da proposta do Ver. Garcia, essa discussão
sobre a questão da ocupação dos cargos em comissão, da utilização dos cargos
por parentes, a questão do nepotismo, da igualdade de oportunidades, etc. Essa é uma
discussão muito moderna, muito atual e que tem que se estabelecer não
apenas em nível nacional, na elaboração das leis que regem o País, mas também
em relação às Câmaras Municipais e às leis municipais que regem o comportamento
dos funcionários públicos, que
determinam a relação entre o Estado e a sociedade.
O Estado é aqui representado
pelo Poder Municipal. Considero que a
discussão que esta Casa deva aprofundar tem também que ser feita na direção do papel do legislador, das oposições
e do comportamento dos políticos, seja no Poder Executivo ou no Poder
Legislativo que, momentaneamente, têm a maioria, para que realmente a
instituição enquanto tal, na sua representação externa, na sua representação
pública, venha a ter o pensamento do conjunto da sociedade que aqui está
representada. Os Vereadores desta Casa são de múltiplos partidos, que aqui
representam o pensamento dos diversos segmentos da sociedade porto-alegrense.
Na verdade, o que quero trazer, neste momento, é o início de uma discussão sobre
o exercício democrático do poder.
Penso que essa discussão em
Porto Alegre é importante pela trajetória política nesta Casa e pela também
atual administração, que tem colocado como seu grande "marketing" a
questão do Orçamento Participativo, que considero um instrumento da maior
importância, pois todo o processo participativo tem que ser resgatado como um
processo importante. Na medida em que as coisas são colocadas nesta Casa sob a
responsabilidade e a decisão desse processo, cabe a nós, mais do que nunca, na
medida em que questões como a que o Ver. Cláudio Sebenelo trouxe e as que foram
trazidas aqui pelos moradores da Urubatã, chegam até nós. Penso que é muito
importante que a Cidade perceba que não abrimos mão do nosso papel, que não
deve haver uma exclusão da participação da população nem do parlamentar sobre a
responsabilidade do Município. Então, o grande desafio é como efetivamente
fazer com que esses instrumentos sejam democráticos. Como é que se garante que
eles realmente sejam participativos? Como é que se garante que eles não sejam
partidarizados? E como é que se garante que nós, enquanto parlamentares, não
tenhamos que votar decisões políticas à margem dos processos que são trazidos
para cá? Porque se nós não acompanharmos esse processo desde o início, e não
tivermos uma inserção efetiva nas suas etapas, e não utilizarmos os nossos
instrumentos legislativos para conhecer os procedimentos das decisões que
chegam a esta Casa, talvez possamos correr o risco de estarmos tomando decisões
com uma aparência democrática, mas que, na essência, não tenha sido contemplado
o conjunto dos pensamentos e das opiniões do Município de Porto Alegre.
O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vera. Clênia
Maranhão, eu quero cumprimentar V.
Exa. pela sua intervenção. V. Exa. é
uma militante conhecida no movimento social, particularmente no movimento das
mulheres. Respeitada, uma liderança das mais importantes e da maior expressão
na nossa Cidade e revela, nesta intervenção - pelo menos para este Vereador
-, de forma inequívoca, que temos, sim,
responsabilidades. Eventualmente, podemos ter - e é natural que tenhamos -
divergências, mas, acima de tudo, temos responsabilidades e procuramos com o melhor
dos nossos esforços, cumpri-las. A intervenção de V. Exa. parece que aborda isso adequadamente, em
especial no que tange aos nossos
compromissos, às nossas responsabilidades, enquanto representantes da
população de Porto Alegre. Nós não estamos imunes a erros, é verdade; mas
devemos somar o melhor das nossas forças no sentido de contribuir para que haja
clareza, retidão e correção nos atos administrativos do Executivo e do
Legislativo, como um todo. Parabéns pelo pronunciamento de V. Exa.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Obrigada, Ver. Pedro Ruas. Uma manifestação vinda com a experiência e
com o compromisso do Ver. Pedro Ruas engrandece muito a nossa intervenção.
Para finalizar, essa era a
questão que eu queria trazer à tribuna quanto aos mecanismos que nós temos que
aprimorar nesta Casa, para que, realmente, as
decisões políticas que aqui venham a ser tomadas sejam, efetivamente,
compreendidas pela população como resultantes do cumprimento do nosso papel,
quanto aos mecanismos que nós temos que exercer para que as nossas decisões,
realmente, correspondam ao pensamento da população porto-alegrense. Essa
discussão deve ser aprofundada nesta
Casa.
Sr. Presidente, eu queria,
para encerrar, dizer que, dentro dessa preocupação mais geral que eu estou
trazendo aqui e dentro da preocupação específica com a lisura dos procedimentos
administrativos públicos e políticos do nosso Município e, considerando esse
fato, que para mim particularmente e para outros Vereadores aqui foi da
maior gravidade - sobre a questão do
encaminhamento dos procedimentos que gerou a participação da empresa nas
modificações do deslocar da população do Cristal, -, eu quero introduzir, nas próximas intervenções que fizer nesta
Casa, a discussão de Projeto de Lei que se refira, especificamente, à
regulamentação, dentro do Estatuto do Funcionário Público do Município, no que
tange ao desempenho de uma função privada por um funcionário público, quando
ele desocupa um cargo do poder público,
aquilo que se chama de "quarentena" , o interstício entre
ocupação de mandato em área privada e pública por uma pessoa que tenha
delegação, que tenha as informações, e portanto tenha um grande poder de
competir, para que as competições na sociedade no setor das empresas sejam mais
justos e para que haja um procedimento mais ético entre a relação do poder
público municipal e estadual.
Estou contando com todos os Vereadores para que um projeto desta
natureza corresponda realmente à lisura e à ética do poder público. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cyro
Martini, que cede seu tempo à Vera. Maristela Maffei, em Grande Expediente.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aguardei
pacientemente este momento - apesar de sermos poucos na Casa -, é importante registrar este sentimento neste
dia que, para mim, e tenho certeza que para grande parte deste País, sobre o
fato que ocorreu ontem em nosso querido Brasil.
Quando ouvimos nesta Casa
sobre questões de transparência, questões de participação, pergunto: se
houvesse Orçamento Participativo neste País aconteceria a vergonha que nos
assola neste dia? Pergunto se a
história estaria registrando esse fato de luto que cobre o nosso País? Em um País onde se privatiza o lucro e se
socializa a miséria. Em um País que o Governo Federal e o Governo Estadual não
levam em consideração o aspecto mais importante da nossa vida que é o ser
humano. E principalmente, legitima uma indústria de marginalização, uma
indústria que exclui a grande maioria de homens e mulheres. Isso sim nos entristece. Porque é muito
fácil trabalhar com exceções, quando a questão mais global, quando as questões
mais prioritárias não são levadas em consideração.
É muito fácil tratar a Vale
do Rio Doce como foi tratada aqui, apenas como uma questão ideológica, quando,
na verdade, tratávamos de questões palpáveis, tratávamos de parte da essência
da nossa alma, da nossa vida, da nossa riqueza e não foi citada, em nenhum
minuto nesta Casa, hoje, não foi lembrado esse fato que nos entristece. Não foi
lembrado, porque não interessa a muitos aquilo que diz respeito ao nosso País,
ao nosso Estado e ao nosso Município. Isso é um fato que tem que ficar
registrado, porque, não apenas a Vale do Rio Doce, mas a grande maioria daquilo
que faz parte da essência do nosso País está sendo entregue, como se nós não
tivéssemos nada a ver. Quando falamos em globalização, esquecemos de que, para
competir é preciso termos reservas, é preciso estarmos com as nossas
respectivas economias ao nível de competição, e isso não está acontecendo na
nossa sociedade. Simplesmente, o nosso País está virando um país de
tupiniquins, um país de burgueses decadentes, onde, mesmo nesta Casa, temos
representantes dessa forma de pensamento. Isso é lamentável. Como fiz parte do
Orçamento Participo, tenho orgulho e digo que, se este País tivesse a coragem -
como estamos lutando - de implantar um orçamento participativo, construiríamos
uma consciência cada vez mais clara daquilo que queremos, enquanto democracia; aí, sim, teríamos homens e
mulheres dando a sua opinião e priorizando aquilo que é a nossa essência, que é
ter decência ética e participação.
O Sr. Fernando Záchia: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Cumprimento V.Exa. pelo seu pronunciamento, mas sou um dos 32 Vereadores,
juntando V.Exa., desta Casa, e V.Exa. dizia que a Casa tem representantes de
burgueses decadentes. Eu me preocupei, porque, tenho certeza, ninguém aqui quer
ser representante de burguês decadente. O Ver. Nedel me olhou e perguntou:
"Será que sou eu ou és tu?" Eu acho que no processo democrático
sempre encontraremos lados opostos, divergentes. O que é salutar para a
concretização da democracia, jamais entendo que V. Exa. conceituaria algum
representante deste Parlamento Municipal como representantes de burgueses e
decadentes.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Vereador,
V. Exa., é sabedor das forças políticas que ajudaram a aprovar o que aconteceu
no nosso País. Hoje, como deixou bem claro, cada ideologia, cada agremiação,
cada partido, sabe o que representa, era isso que eu quis dizer. Mantenho minha
posição. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora. )
O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Gostaria de registrar que amanhã ocorrerá o
despejo da Vila Nazareth, a partir das 7 horas. É muito importante a participação dos Vereadores, em especial os
da Comissão de Habitação da Casa.
Pessoalmente, estou designando
dois assessores para acompanhar o
despejo.
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Décio Schauren está com a palavra. Ausente. O Ver. Eliseu Sabino está
com a palavra em Grande Expediente.
O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estamos ocupando
este espaço, lamentando que esta tribuna, que poderia ser ocupada para falarmos
de assuntos, de problemas da nossa Cidade, seja ocupada para trazermos
problemas do nosso País, da Nação, questionando coisas que dizem respeito a uma
questão ideológica partidária, lamentavelmente. Isso a gente pode perceber que
não satisfaz muito àqueles que nos elegeram, para representá-los nesta Casa.
Trago aqui uma colocação,
uma informação e um pedido de socorro de uma escola da Zona Sul. Eu nasci e me
criei na Zona Sul e conheço essa Escola,
que há muitos anos exerce uma
função muito especial, que é o
Instituto Padre João Calabria. Essa Escola tem trazido não apenas para a
Região, mas para Porto Alegre, e até
para o Estado e fora dele, uma contribuição muito importante, no sentido
especial de atendimento às crianças, aos adolescentes carentes, na sua
especialidade de ensino profissionalizante.
A nossa Comissão de
Educação foi convidada a fazer uma
visita àquela escola, onde tivemos o privilégio de, mais de perto, nos
aproximar e ver a maneira como os líderes daquela Escola desenvolvem aquele
trabalho. Uma Escola com uma certa idoneidade na Zona Sul, com muitos
profissionais que hoje exercem a sua profissão, fazendo o seu trabalho. Hoje, ela vive uma situação precária. O
Instituto Calábria está em uma situação até de fechamento de suas portas.
Evidentemente, que não vamos ficar apenas neste pronunciamento, nós estaremos
junto com a Comissão e com entidades que são ligadas à área da educação,
buscando uma solução, pois é realmente uma preocupação nossa vermos uma Escola
estruturada com equipamentos, com maquinários, tudo para desenvolver um
trabalho profissionalizante junto às crianças carentes. Estamos lançando um
apelo, nesta primeira palavra, à Secretaria Municipal de Educação, à Secretaria
Estadual de Educação, à FESC, pois há uma preocupação nossa em darmos uma
atenção à Escola Calábria, que realmente necessita deste atendimento.
Por outro lado, ainda na
área do ensino, registro aqui que, no dia primeiro de maio, foi inaugurada uma clínica para crianças portadoras de HIV, no Campus do Lar
Esperança, na Av. Protásio Alves, nº 9.400. Esta Entidade, Lar Esperança
funciona, há 35 anos, conhecida de alguns Vereadores, de algumas pessoas que
militam na Zona Norte. A Missionária Mary Taranger, uma Missionária com 81
anos, que veio da Suécia para o Brasil, há 40 anos passados, tomou a iniciativa
de fundar uma casa para crianças portadoras do vírus HIV. Nós sabemos da grande
carência nessa área. Se não estou equivocado, existem apenas duas casas dessa
natureza e a demanda é muito grande. Vejam bem, que a casa foi inaugurada no
dia 1º, com a capacidade para 15 crianças aidéticas e, hoje, já não tem mais
vaga. Então, é lamentável a situação e nós estamos olhando para o Orfanato Lar
Esperança, uma Entidade com fins filantrópicos, que tem a sua atenção voltada
para o atendimento das necessidades básicas da educação de nossas crianças.
Também essa Entidade, além dessa casa que fundou agora, eles têm um atendimento
de saúde especial e, durante a semana, eles distribuem cinco mil pratos de sopa
em postos, nas mais diversas Vilas.
Nós estamos aqui trazendo a
nossa comunicação neste sentido. E, para encerrar, este Vereador,
particularmente - e já foi feito isso em nome da nossa Bancada através do nosso
Líder, Ver. Luiz Braz -, se manifesta em favor da comunidade, que já foi aqui
bem mencionada: dos moradores do Jardim Urubatã, comunidade vizinha das Vivendas
de Ipanema, situada na Zona Sul, às margens da Estrada Juca Batista e, também,
dos moradores das redondezas do “Shopping Center” denominado Jockey Clube. Nos
manifestamos favoráveis a essa mobilização. Acho que devemos observar esses
detalhes e acompanhar para que nenhuma dessas comunidades venham a sofrer
prejuízos de boa condição de vida. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Elói
Guimarães que cede o seu tempo para o Ver. Pedro Ruas.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ao longo da história recente do nosso País, a Ordem dos Advogados
do Brasil marcou a sua presença no cenário nacional e estadual por uma atuação
firme, denunciando arbitrariedades ao período da ditadura militar, denunciando
crimes de toda a espécie até mesmo homicídios e, com isso, granjeou em toda a
nossa sociedade respeito e admiração.
No período da democracia
formal em que vivemos, a OAB teve um papel destacadíssimo na elaboração da
atual Constituição Federal, na elaboração das constituições estaduais, na
elaboração das leis orgânicas municipais. Eu tive a honra de presidir uma das comissões que trabalhou com leis
orgânicas e, quando era ex-Vereador, voltar a esta Casa e apresentar o
anteprojeto de Lei Orgânica para
municípios, da OAB, que foi adotado por
230 municípios gaúchos. Então, a OAB, há muitos anos, deixou de ser meramente uma entidade de classe para ser uma
entidade de representação de toda a sociedade, uma entidade que orgulhou e
orgulha a todos quantos, de uma forma ou de outra, tiveram contato com a mesma.
Neste momento, em nosso
País, vivemos um momento muito delicado, particularmente, em nosso Estado. Por
algumas declarações e colocações infelizes do atual Presidente da OAB -
Seccional do Rio Grande do Sul, tivemos uma série de problemas decorrentes e
uma visão crítica sobre a forma como tem sido conduzida a entidade,
recentemente aqui no nosso estado. Não que no plano nacional a Ordem hoje faça
jus à sua história, na verdade, não faz. Ver. Nereu D’Ávila, Ver. Juarez
Pinheiro, colegas advogados - não recordo se há outros Vereadores colegas
advogados, mas com certeza todos têm contato e relacionamento com advogados. No
plano nacional, a Ordem dos Advogados do Brasil tem sido omissa em relação a episódios
importantes da nossa Nação e, no plano estadual, as declarações do atual Presidente em relação, por exemplo,
ao episódio de Diadema, fizeram eclodir uma crise importante e, como toda
crise, pode ser um momento de crescimento. Vários segmentos de advogados, hoje,
se articulam no sentido de encontrar uma saída e uma opção para a sucessão da
OAB, que ocorre este ano em todo o país. Recentemente, tive a satisfação de
participar de várias reuniões e na maioria delas, onde, aliás, estava presente
o Ver. Juarez Pinheiro, que tem acompanhado como advogado todo esse movimento,
e ficou claro que os advogados rio-grandenses precisam, necessitam, se unir em
torno de um programa que resgate a história da OAB. E mostre para a sociedade
que a OAB continua sendo a entidade decisiva nos momentos de crise nacional,
nos momentos de crise institucional, nos momentos de violação dos direitos
humanos, nos momentos em que não é respeitada a condição da cidadania. Para
isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é indispensável que todos nós, advogados ou não advogados -
mas que temos de alguma maneira compromisso com a história da Ordem dos
Advogados do Brasil, que é também a história do nosso Estado, que é também a
história do nosso País -, tenhamos a condição e a capacidade de abrir mão de
projetos e anseios pessoais em função de um programa comum que una os advogados
e que tenha condições, efetivamente, de estar à altura da história da OAB.
Nesta reunião a que fiz
referência estava comigo o Ver. Juarez Pinheiro. Vários advogados se manifestaram. Foi uma reunião organizada,
elaborada, conduzida por advogados com alta respeitabilidade em nosso Estado,
em nossa Capital: o colega Luis Carlos Moraes, o colega Castro, a colega
Elizabete Bonn, Luis Carlos Levenzon, Saul Calveti, Pedro Machado, Honório
Peres, muitos e muitos advogados, que colocaram esta mesma posição, Vereador e
advogado Juarez Pinheiro, assinando aquele documento, que era, na verdade, uma
necessidade de abertura de posições novas dentro da Ordem dos Advogados do Brasil.
O que se precisa neste
momento é que esses advogados tenham a capacidade, o compromisso histórico de
marcar uma posição forte, com um programa que tenha como meta - obviamente - de
um lado contemplar os anseios profissionais naturais da advocacia e, de outro,
cumprir a missão histórica importantíssima institucional da OAB.
Recentemente falei com a
colega advogada e Vera. Anamaria Negroni sobre esse tema da OAB e tive dela,
também, o mesmo respaldo.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Quero saudar o nobre Ver. Pedro Ruas pela oportunidade do seu pronunciamento. O
Ver. Pedro Ruas é um Vereador com uma história de militância na OAB, antiga e
importante. Apenas quero sublinhar que a OAB num passado recente, que todos os
brasileiros querem esquecer, foi uma das primeiras instituições neste País,
quando liderada pelo Presidente Lavenére, a aderir à campanha "Fora
Collor". Teve maculada a sua história neste Estado com as infelizes
declarações do Presidente Substituto da nossa Seccional, no sentido de fazer
colocações que vão contra questões da cidadania e contra a classe dos
advogados. Parabenizo V. Exa. e recordo
o início do seu pronunciamento nessa reunião marcante, quando V.Exa. perguntou:
“onde é que eu assino?” Obrigado.
O SR. PEDRO RUAS: Obrigado, Ver. Juarez
Pinheiro. Quero dizer que é nossa tarefa, com certeza, advogados ou não
advogados deixarmos, novamente, a Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional do
Rio Grande do Sul, cumprir o seu papel e acima de tudo, estimulá-la a ter cada
vez mais uma atuação forte no plano institucional do nosso Estado e do nosso País.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais quórum. Encerramos os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h11min.)
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